quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Presidente da Petrobras: "PAÍS DEVE TER UM MAIOR CONTROLE SOBRE SEU SUBSOLO"


PETROBRAS


FOLHA - Faltou planejamento capaz de evitar a crise de suprimento de gás este ano?
GABRIELLI - Não, não é um problema de planejamento, é um problema de amadurecimento das instituições. Tivemos [em cinco anos] um crescimento extraordinário do mercado brasileiro, que consome hoje entre 42 milhões e 45 milhões de m3 por dia. Vamos ter gás importado da Bolívia e via GNL [Gás Natural Liqüefeito] e uma produção nacional muito maior. Já fechamos contratos com a Bahiagás e a Comgás. Nós vamos entregar um determinado volume [de gás] que nós nos comprometemos a não cortar nunca; um outro volume que vamos entregar, mas podemos cortar e, nesse caso, nós pagamos a diferença entre o preço do gás e do outro combustível; e outro volume, que o preço evidentemente será menor, em que a distribuidora assume o risco de ser cortado.
FOLHA - Os novos contratos aumentam os preços?
GABRIELLI - O preço do consumidor final não depende da Petrobrás, é um problema das distribuidoras [na última sexta, a empresa anunciou reajuste de 15% no preço do GLP industrial a partir de amanhã].
FOLHA - E quais são os preços nesses dois contratos já firmados?
GABRIELLI - São contratos comerciais, não são públicos.
FOLHA - Dentro do seu raciocínio de evolução natural no mercado de gás, como o sr. explica a crise de abastecimento neste ano no Rio?
GABRIELLI - Até setembro de 2005, a Petrobrás tinha um contrato de compra de gás da Bolívia com uma cláusula de `take or pay` [pagava o volume integral, mesmo que não usasse todo o gás] de 24 milhões de m3 por dia. Em 2003, a Petrobrás trazia 9 milhões de m3 por dia. O contrato tinha reajustes trimestrais. Deveríamos reajustar os valores para as distribuidoras, mas não fizemos isso. De 2003 a setembro de 2005, nós não reajustamos nossos preços porque nós considerávamos que tínhamos de atingir os 24 milhões de m3. Quando atingimos, começamos a reajustar.
FOLHA - Essa estratégia não foi um erro?
GABRIELLI - Não, foi absolutamente correta e tinha que ser feita.
FOLHA - Como será o futuro do suprimento de gás, especialmente em 2008, quando novos projetos de produção não estarão em operação?
GABRIELLI - Precisamos dos contratos [com as distribuidoras] para viabilizar o que é possível entregar. Temos contratos com a Aneel que envolvem um termo de compromisso com termelétricas. O que estiver nos contratos será cumprido. O que estiver fora do contrato, se for possível, será cumprido. Se não for possível, não será.
Para ver a entrevista completa, acesse o site http://www.aepet.org.br
Entrevista concedida aos repórteres Marcelo Beraba e Pedro Soares. Extraído do jornal `Folha de S.Paulo`, de 31.12.07
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