segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

FERROVIA NORTE/SUL

Iniciativa de Sarney é destacada por especialista em transportes

Artigo de Gregório Rabelo, diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), cujo mandato está por se encerrar, fez breve retrospecto do modal ferroviário no Brasil e em outras nações com vastos territórios, como a China, Canadá, EUA, Rússia e Índia. Recordou que os 71 mil quilômetros de trilhos na China foram decisivos para as taxas do Produto Interno Bruto (PIB) que mais cresce na atualidade. Mostrou que o Canadá, em meio a sua malha de 80 mil km, ostenta a estratégica Canadian Pacific Railway, que liga Vancouver a Montreal. Ou ainda da lendária Transiberiana, que atravessa 8 fusos horários, construída ainda no tempos dos czares. Finalmente os EUA, com seus 200 mil km, possuem a mais extensa malha ferroviária do mundo e onde se destaca outro projeto épico: a Union Pacific Railroad, primeira a perfazer uma rota entre os oceanos Atlântico e Pacífico e que foi iniciada ainda no mandato de Abraham Lincoln, em 1862, em plena Guerra de Secessão.

BRASIL

Em tal cenário, Gregório Rabelo, o Brasil faz uma triste figura. Diz o articulista: Chegamos a contar com 35 mil km de trilhos, no bojo da República Velha, em 1922. Fruto de descasos e falta de visão estratégica, reduzimos para apenas 28 mil km. Desse total, 6 mil km não podem ser utilizados, pois não reúnem as condições plenas de operacionalidade, portanto, restam em funcionamento somente 22 mil km. Desperdiçamos 13 mil km de trilhos, o que equivale a um prejuízo de US$ 156 milhões (sem correção monetária e juros). Mas, otimista, deposita grandes esperanças na construção da Ferrovia Norte-Sul que, se concretizada, unirá várias regiões e permitirá ao País produzir e escoar 300 milhões de toneladas de grãos por ano, em lugar do patamar de 130 milhões de toneladas atuais. A Norte-Sul foi projetada em 1987, pelo então presidente José Sarney, com intuito de diminuir os custos de transportes em longa distância e promover a integração nacional. A ferrovia possui 1550 quilômetros de trilhos, dos quais 724 quilômetros encontram-se no estado de Tocantins, 427 no estado de Goiás e 215 quilômetros no Maranhão, que já estão prontos e em operação comercial.
A expectativa é que o atual governo aumente a capacidade de transporte de baixo custo. Em 2006, Lula, quando foi ao Tocantins, fez auto-crítica, se mostrando arrependido de, quando deputado, ter sido contra o projeto de Sarney. Vistoriando as obras, fez questão de elogiar a “visão de estadista” de Sarney, que o acompanhava como convidado de honra. Mas, o importante é que, quando estiver em plena operação, a ferrovia será capaz de transportar cerca de 12,4 milhões de toneladas/ano, possibilitando o escoamento da produção e reduzindo significativamente o custo do frete para longas distâncias. Além disso, a obra vai viabilizar a implantação de novos negócios. Só no estado de Tocantins já foram gerados aproximadamente 2 mil empregos, diretos e indiretos. O corredor ferroviário permitirá, ainda, a articulação dos sistemas multimodais de transporte entre as regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste - e com o restante do País. Uma das providências do atual governo federal mais importantes é a construção, por sugestão justamente de Sarney, de duas pontes sobre os rios Oiapoque e Jarí. A primeira ligará o Amapá à Guiana francesa, abrindo uma rota econômica importante que facilitará o comércio e a integração do Brasil aos mercados da Europa, do Caribe e do Planalto das Guianas. A segunda, ligará também o Amapá ao Pará, permitindo que o estado se integre e, por conseguinte, com o Maranhão, o Tocantins, portanto, com acesso à Ferrovia Norte/Sul.
Tudo isso irá proporcionar a redução de custos na cadeia produtiva inter-regional e o aumento da competitividade dos pólos industriais e agroindustriais. Entre os benefícios deste corredor de exportação, destacam-se a viabilização do escoamento de grãos do cerrado brasileiro, o aumento na arrecadação de impostos e, sobretudo, a geração de empregos e redução das desigualdades sociais.
Mas Gregório Rabeli termina com uma advertência: O século 21 poderá ser o tempo de retomada dessa lacuna, desde que, diferentemente do passado, contemos com grandeza tanto na visão estratégica quanto na percepção e vontade políticas, aliadas à cobrança e à permanente vigilância de uma sociedade cônscia de seu país e dos "trilhos históricos". No atual cenário, o Brasil necessita, anualmente, da construção de 4 mil km de ferrovias, a fim de que, daqui a duas décadas, possuamos uma malha igual à do Canadá, que possa suprir a demanda na logística e conduzir o crescimento econômico que ansiamos.

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Um comentário:

  1. Abrir estradas, de ferro, marítima, fluvial, lacustre, rodagem é abrir caminho para o progresso da Nação, abrindo novos Municípios, novos Estados tornando Políticamente, Economicamente e Militarmente Forte aos olhos do Mundo.....+ nada disso adiantará se a Escola ñ tiver enganjada na sua formação Intelectual, Cultural e Esportiva...qm sabe domina qm ñ sabe obedece....

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