quinta-feira, 13 de março de 2008

Coluna da Carmen Coutinho

Do “TECO-TECO” ao “AIR BUS”
“Deuses” da arquitetura e do urbanismo, Oscar Niemeyer e Lúcio Costa “bagunçaram” todos os paradigmas da época fazendo Brasília. Os gênios extrapolaram! O jornal inglês “The Guardian” publicou, dia 12 deste mês, matéria de Rory Carrol e Tom Phillips, na qual entrevistam o incrivelmente centenário Mestre Niemeyer, que declara: “Brasília já deveria ter parado de crescer!”. Segundo os jornalistas, os projetos originais foram tão minuciosos que detalharam o tipo de táxis que circulariam pela Cidade e, até, a cor dos uniformes dos seus motoristas. Niemeyer, como um “pai orgulhoso”, relata “como” idealizaram a Capital Federal, que o Jornal chamou de “utopia”. Não concordo! Utopia é “viajar na maionese”; e Brasília existe! Mas um País com dimensões continentais não pode ter sua Capital só com 500 mil habitantes, como projetado (hoje já com mais de 2 milhões de habitantes. E vai piorar! É natural o deslocamento de pessoas para cá, em busca de uma vida melhor!). Brasília está crescendo como um grande centro, sofrendo pelos desmandos de seus administradores, ao longo dos anos: com desemprego crescente; violência; trânsito complicando-se a cada dia; sistemas educacional e de saúde deficientes. “The Guardian” refere-se às 30 cidades, ao redor, como “baixada federal” (como no RJ). Brasília é sinônimo de Niemeyer. Portanto, cabe a esse “pai orgulhoso” propor uma atualização do projeto original – inclusive, com projeções futuras de crescimento, como: sistemas de galerias para absorção de águas pluviais e esgotos (em NY e em Paris, por exemplo, são verdadeiras cidades subterrâneas); reformulação do “teco-teco”, hoje com gabaritos que só permitem edifícios residenciais de seis andares e sua ampliação horizontal, também, ao invés de ocupações desordenadas de áreas de preservação ambiental (e muito distantes do centro); edifícios-garagem em vários pontos da Cidade; metrôs terrestres (mais baratos), em todas as áreas de maior fluxo de pessoas, substituindo ônibus e “vans”; avenidas mais largas (diminuindo o “verde” que, graças a Deus, aqui temos muito) etc (o “etc” é necessário, pois não sou gênio como eles). Problemas? Claro que temos! Afinal, é a era da globalização. E quem não tiver sua “Scotland Yard” matando, pelas costas, um latino Jean Charles que ousou sair correndo, que “atire a primeira pedra”! Atualizada, Brasília ficará “o máximo”, visto que o “teco-teco”, já é local muito bom para viver, criar filhos, netos, cachorros, piriquitos, trabalhar, estudar, respirar; onde muçulmanos, judeus, católicos, evangélicos, espíritas, budistas, convivem, são amigos e não são obrigados a morar em “subúrbios-guetos”, longe da “royal aristocracy”.

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