segunda-feira, 3 de março de 2008

POESIA

Noite Ardente

Noite bela, se permitisses que vissem os segredos todos de tuas entranhas,
Tua carcaça intensa de ébano sedutor, que alma febril jamais alcança,
Faria do frouxo, guerreiro; do caduco, moleque; da flor, lança.
Mas, guardiã severa, jamais deixarias que tivessem novas manhãs.

Noite escura e incompreensível, embelezas criaturas medonhas,
Enganas poetas e tolos, que em teu seio descansam.
Mas, revelas aos fugidios de lares as tuas peçonhas,
Quando, ébrios de amor, atribuladas almas balançam.

E tuas filhas, cheias de manhas e artimanhas,
Para corações dilacerados encenam esperanças.
Mas, dos próprios desejos, são sempre estranhas.
E coagidas, de deleites ardentes, aturam absurdas cobranças.

Indigente e misteriosa Noite, que vagarosamente morre quando o Sol avança.
Já fraca e atordoada, não sabes onde embrenhas.
Recolha teus seguidores e procures o Amanhã, pois chora a criança.

Said B. Dib

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