quinta-feira, 10 de abril de 2008

Coluna do Helio Fernandes


De 1960 a 2005, a DÍVIDA externa cresceu 180 vezes

Fora os 400 bilhões de dólares que pagamos de juros

Os civis e militares que foram à ABI encontrar com o ministro da Justiça desassombradamente fizeram libelo sobre as DÍVIDAS externas e internas. A primeira, mais antiga e mais danosa à economia brasileira, foi subindo de forma astronômica, até chegar ao patamar que rotulei de IMPAGÁVEL. (Ressalvando a contradição da língua portuguesa, pois a palavra tem sentidos diferentes e conflitantes).
A segunda, mais traiçoeira, calamitosa, vergonhosa, comia os juros e devorava o patrimônio. É lógico que no fundo as duas coisas, o juro pago e a DOAÇÃO do patrimônio, representavam a mesma estagnação e até o retrocesso do País.
Desde 1960 venho acompanhando e escrevendo sobre essas "DÍVIDAS", a interna começando a crescer a partir de 1995, apenas 13 anos, a externa se estabelecendo em 1822, e crescendo voluptuosamente desde o governo Campos Salles (1898-1902).
Muitos estudam o assunto, se informam e condenam a DÍVIDA externa, muito mais antiga, mas não fizeram como este repórter, que fez cruzamentos e mais cruzamentos com o crescimento da DÍVIDA e o pagamento dos juros. O documento entregue ao ministro da Justiça diz textualmente: "Essa DÍVIDA cresceu 42 vezes durante a ditadura militar". Mas não faz a menor referência aos juros pagos de 1960 a 2007.
Essa DÍVIDA em 1960, quase no fim do governo Juscelino, estava em 800 MILHÕES de dólares. JK pediu a Roberto Campos (então presidente do já pródigo e generoso BNDE) que renegociasse essa DÍVIDA, que era o que o economista fazia de "melhor". Atingiu então pela primeira vez a "casa" de 1 BILHÃO. Quer dizer: essa renegociação levou do Brasil 25 por cento, ou 200 milhões de dólares.
Em 1964, quando Jango foi derrubado, a DÍVIDA estava em 3 BILHÕES. Em 4 anos aumentou 2 BILHÕES, fora o juro que foi pago e que ninguém calcula. Em 1985, quando acabou a ditadura, a DÍVIDA já atingira o total de 110 BILHÕES, ou seja, em 25 anos (desde 1960) cresceu 110 vezes. Partindo de 1964, quando estava em 3 BILHÕES, subiu 38 vezes. Portanto, a estimativa de que cresceu 42 vezes, nenhum absurdo.
De 1985 a 2005, 20 anos, a DÍVIDA foi para a estratosfera, quase dobrou, chegou a exatos 200 BILHÕES. Inacreditável, mas rigorosamente verdadeiro. Agora está no patamar de 180 BILHÕES. Mas atentem bem: nesses 45 anos, de 1960 a 2005, pagamos mais de 400 BILHÕES de dólares de juros. Não importa que o País tenha mudado muitas vezes de moeda. Pois a DÍVIDA e o juro não eram calculados e pagos na nossa moeda, e sim na deles.
É um assassinato premeditado e executado, não temos que ficar com raiva ou ódio dos estrangeiros (principalmente americanos), mas de nós mesmos, servos, submissos e subservientes. Pagávamos pontualmente, a DÍVIDA ia crescendo e, em vez da revolta, aumentávamos a complacência, a imprudência, a indolência.
Agora, o presidente do Banco Central "informa" o presidente da República, que diz na televisão: "Pagamos a DÍVIDA externa, agora somos CREDORES". Não pagamos nada. Fomos comprando dólar com dinheiro que era para ser investido no desenvolvimento, é o que chamam de E-C-O-N-O-M-I-A. Então, juntamos num banco da Suíça 182 BILHÕES de dólares, que RENDEM 1 por cento ao ano.
PS - Como explicar um absurdo, um roubo, uma vergonha igual a essa?
PS 2 - Não dá para contar tudo no mesmo dia e espaço. A DÍVIDA interna, adolescente, completou 13 anos, fica para depois. Ela vai crescer mesmo e chegar à maioridade.

XXX

Dias 16, 17 e 18, seminário importante no Clube Militar, com o título "Brasil, ameaças à sua soberania". Importantíssimo. Por coincidência, hoje, em Opinião, artigo do general Lessa (ex-presidente do Clube Militar) sobre a Amazônia e os riscos à nossa SOBERANIA.
Para ler a coluna do Helio completa, acesse em

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