quarta-feira, 23 de abril de 2008

Coluna do Helio Fernandes


O Paraguai recebe 400 milhões de dólares anuais

Pela Itaipu Bi-Nacional, que custou 27 bilhões de dólares gastos pelo Brasil


Escrevi muito sobre a eleição para presidente do Paraguai. Nas mais diversas oportunidades, ressaltei, registrei e ressalvei: toda a campanha tem como base a Itaipu Bi-Nacional. Isso nem era surpreendente. Os três candidatos tinham a obrigação de prometer aos eleitores melhores condições de vida com a "garantia de que obteriam revisão do contrato de Itaipu".
Mas uma coisa é o contato com o povo, outra muito diferente, o contrato com o Brasil. Longe de mim desprezar o direito dos povos, argumentar de todas as maneiras contra a possibilidade do Paraguai reivindicar pagamento melhor e maior sobre a energia que Itaipu produz, e que eles vendem obrigatoriamente para o Brasil.
Uma coisa é a reivindicação, outra a realidade. O Paraguai foi altamente beneficiado com a construção da Itaipu Bi-Nacional. O Brasil também, precisávamos e precisamos daquela energia, mas fomos altamente pródigos e generosos com o Paraguai. Não só na construção, mas também na remuneração que pagamos ao país vizinho.
Bastam os números para provar e comprovar o que o Brasil despendeu na grande obra, e o que o Paraguai recebe pura e simplesmente por causa da vizinhança. Vejamos.
Do início da obra até a sua conclusão e início da utilização de Itaipu, o custo foi de 27 BILHÕES DE DÓLARES. Tudo investido pelo Brasil, o Paraguai não desembolsou nem dólares nem moeda brasileira, que nesses tempos mudou muito de nome.
O Paraguai ainda conseguiu com o Brasil um "empréstimo" de 50 milhões de dólares, sem juros e para não serem nem pagos nem cobrados. E não tinha nada a ver com Itaipu, era uma necessidade do Paraguai que o Brasil compreendeu.
O país vizinho tem o direito de gastar a energia necessária ao seu desenvolvimento, e o que não aproveitar V-E-N-D-E ao Brasil. Por essa V-E-N-D-A o Paraguai recebe 400 milhões de dólares anuais, importância nada desprezível.
Na campanha, os 3 candidatos reconheceram e declararam: "Por causa da corrupção e da péssima administração, o Paraguai desperdiçou essa fonte extraordinária de riqueza". É verdade, reconheceram. Mas o vencedor, o ex-bispo Lugo, já começa a falar no aumento da importância que recebe.
Apoiado pela CIA e logicamente pelos Estados Unidos, o presidente eleito, muito antes da posse, já "fala na reestruturação do contrato". Lógico que os EUA têm todo interesse de criar problemas para o Brasil. Por aí não criarão, não têm a menor possibilidade.
A grande dificuldade virá do lado da agricultura. Vivem hoje no Paraguai 300 mil brasileiros, que em alguns casos são até mais paraguaios do que brasileiros. São brasileiros casados com paraguaias ou vice-versa, com filhos paraguaios legítimos e que não querem sair de lá.
Chamados b-u-r-r-a-m-e-n-t-e de "brasiguaios", uma combinação fácil de fazer. (Da mesma forma que o economista Edmar Bacha, nos tempos em que estava do lado defensável, chamou o Brasil de BELÍNDIA, metade Bélgica, metade Índia).
O que acontece: os 300 mil brasileiros levaram para lá tecnologia avançada, produzem 10 vezes mais do que os paraguaios. Já falam em "assumir" essas terras e toda a produção, o que não serve a ninguém.
PS - É preciso cabeça fria, bom senso e deixar o Itamaraty longe de tudo. O ministro Celso Amorim já disse: "A reivindicação do Paraguai é justa". Como é que ele sabe?
Amanhã
3 BILHÕES de pessoas no mundo não podem comer. Cada prato de comida eleva a inflação. Que morram de fome em nome da inflação baixa.
Marcus Faver
Ex-presidente do Tribunal de Justiça, membro do Conselho de Justiça, cultura, credibilidade, coragem, espírito público.
Conforme disse ontem, sem contestação, o pai de Isabella e a madrasta assassinaram a menina. Os "responsáveis" pela investigação, deslumbrados com a promoção da mídia, cometeram equívocos em cima de equívocos. Se não aparecer "algum suspeito, provado, que se saiba que estava no local do crime", só restarão mesmo os dois. Eles estão aparentemente tranqüilos, por falta da acareação e da reconstituição.
Um dos maiores erros dos investigadores, que olhavam para os holofotes e não para os detalhes: "Isabella chegou ao chão com vida, tentaram salvá-la, não foi possível. Mas pediram ambulância".
Agora desmentem a eles próprios, dizem: "Mesmo que não fosse jodada pela janela, Isabella não se salvaria, já estava sufocada".
Ou bem estava morta lá em cima, e foi jogada pela janela sem vida, ou destruíram a afirmação de que ainda viveu alguns minutos no chão do jardim. Na entrevista, não se olhavam.
Mas na reconstituição do crime e na acareação entre o pai e a madrasta, é lógico que os dois entrarão em conflito. É sempre assim nos crimes em que existe mais de um possível autor.
Magistral a afirmação do desembargador Marcus Faver: "O conflito entre índios e arrozeiros na reserva Raposa Serra do Sol põe em risco o território brasileiro". Nota mil para o ex-presidente do Tribunal de Justiça.
O surpreendente é que o presidente Lula "viu" logo o problema, e disse textualmente: "Defendemos e protegemos os índios, mas N-A-Ç-Ã-O só existe a brasileira". Depois mudou de opinião.
Deve ter conversado com o chanceler Celso Amorim, que exerce estranho fascínio sobre o presidente. Os diplomatas, em silêncio, viram a ONU votar contra o Brasil. Não protestaram.
Confira a coluna do Helio na íntegra, acessando:

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