quinta-feira, 10 de abril de 2008

Eleições 2010

Aécio Neves elogia José Sarney em evento do PMDB

Convidado a inaugurar um painel fotográfico das grandes personalidades do PMDB, como o avô Tancredo, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), foi recepcionado pela cúpula do PMDB - como o presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), e o senador José Sarney (AP) - logo na entrada principal do Congresso quarta-feira, dia 09, à noite. Quationado se poderia ir para o PMDB, desconversou: "acho que o PSDB e o PMDB têm todas as condições de buscar a construção de um projeto comum." Dez minutos depois, diante de uma platéia peemedebista, foi ainda mais explícito: "Não vejo como, num futuro muito próximo, não estaremos juntos, construindo um grande projeto para o País, sem ódios e sem rancores". Foi o suficiente para fazer o ministro Hélio Costa (Comunicações) e o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), rirem satisfeitos. Falando das figuras históricas do PMDB, fez questão de destacar José Sarney. Dirindo-se ao senador Sarney e relembrando o importante e decisivo papel do ex-presidente no difícil processo de transição democrática, disse: "Sintetiza a lealdade, foi um estadista e absolutamente leal a todos os compromissos assumidos por Tancredo". Em resposta, o senador José Sarney fez apelos históricos. Disse que o mineiro aprendeu com o seu avô princípios fundamentais de uma nação democrática e afirmou sentir que o hoje tucano tem muito do PMDB, o que pode tornar-se motivo para garantir sua presença no futuro da legenda. O governador mineiro preferiu a cautela. Mesmo demonstrado satisfação diante dos apelos, disse que não pensa em trocar de legenda. Entretanto, não descartou qualquer hipótese de aliança ou parceria com os peemedebistas para as eleições de 2010. "O PMDB é a extensão da minha própria casa. Não posso negar que no futuro muito próximo vamos estar juntos, construindo um projeto convergente pelo bem do país. Independentemente de filiações partidárias", reafirmou o governador, num clima de lançamento de candidatura. Como bom mineiro, Aécio tentou convencer que sua presença no evento não era o início do namoro com o PMDB, mas um compromisso com a história do país, visto que seu avô participou intensamente dos momentos históricos do partido , por isso, constava na maioria das fotos do painel inaugurado. "Não vamos misturar coisas tão distintas. Hoje, eu recebo uma homenagem, na verdade, em nome do presidente Tancredo Neves, na liderança do PMDB, mas sem que isso tenha qualquer conexão com questões partidárias do futuro." No entanto, as declarações do tucano caminhavam na contramão dos discursos e das intenções do PMDB. "Trouxemos o governador aqui para ele sentir o quanto é querido nesse partido. Por mim, o namoro já começou e vai terminar em casamento", dizia o entusiasmado líder peemedebista Henrique Eduardo Alves. Além de Aécio, o PMDB contou, na solenidade, com a presença do presidente da Câmara, deputado petista Arlindo Chinaglia (SP), que fez um agrado e uma promessa: "O PMDB foi fundamental para a redemocratização e decisivo na minha eleição para presidente. A depender do meu voto e do voto do PT, o próximo presidente da Câmara será do PMDB".

"O Presidente Sarney sintetiza a lealdade; foi um estadista e absolutamente leal a todos os compromissos assumidos por Tancredo", destaca Aécio Neves

Ao afirmar que Sarney "sintetiza a lealdade e que foi um estadista absolutamente leal a todos os compromissos assumidos por Tancredo", o governador Aécio Neves se referia ao papel de Sarney no difícil processo de transição democrática. Como lembrou o governador mineiro, enfrentando revanchismos e administrando a frustração da população com a morte de Tancredo, Sarney conseguiu fazer cumprir o que tinha sido programado pelo político mineiro. Assumiu a presidência do país, recebendo uma herança pesada: 100 bilhões de dólares de dívida externa e 230% de inflação, justamente num ambiente político ansioso por reformas, com a opinião pública e a mídia iludidos de que apenas um governo poderia resolver, como por encanto, mazelas que obviamente demandariam décadas, num esforço de toda a Nação. Sarney teve que enfrentar uma grave crise política e problemas econômicos estruturais graves, inicialmente sem qualquer respaldo popular ou por parte de partidos políticos. Mas, como lembrou Aécio Neves, ele não se acomodou. Tomou as decisões corretas que eram factíveis naquele momento, excluindo sempre, como queria Tancredo, o caminho ortodoxo que sacrificaria, mais uma vez, os setores mais humildes e carentes de proteção social. Teve a coragem de convocar a Constituinte, de acabar com o entulho autoritário, legalizar os partidos clandestinos, acabar com a censura. Por outro lado, quebrando o obscurantismo do regime anterior, buscou na transparência a principal característica administrativa de seu governo. Assim, quanto às finanças, por exemplo, a Nova República surpreendeu. Elaborou programa de redução das despesas e revisão dos gastos públicos, deu sistematização e transparência ao processo orçamentário (unificando o Orçamento e criando o SIAFI – Sistema de Acompanhamento Financeiro), saneou o Banco do Brasil e o Banco Central, mas sem se submeter aos ditames do FMI e sempre valorizando os funcionários públicos. Neste cenário, Sarney acabou com a Conta-Movimento do Banco do Brasil, já em 1986, quando criou a Secretaria do Tesouro. A Conta-Movimento era o instrumento mais importante e mais desagregador da política brasileira antes da "Nova República". O Banco do Brasil tinha uma carteira que administrava recursos resultantes de emissões aleatórias de papel-moeda e que se destinavam a socorrer empresas de amigos do governo. Era a "maquininha mágica de fazer dinheiro", um dos fatores mais importantes que pesava sobre a inflação e que tornavam privados os recursos que deveriam ser públicos. Pois foi Sarney o primeiro presidente que teve coragem de tomar a decisão de acabar com esta aberração de fazer dinheiro e inflação, criando a Secretaria do Tesouro.

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