terça-feira, 23 de setembro de 2008

Observatório

Terça-feira, 23 de setembro de 2008
Destaques dos jornais de hoje. O que merece ser lido. Se você não tem paciência ou não teve tempo para ler as notícias nos principais jornais de hoje, clique nos links logo abaixo das matérias para lê-las no clipping do Ministério do Planejamento, sem que seja necessário que se cadastre. Publicaremos esta seleção todos os dias entre 19h00 e 21h00. Nos finais de semana os links com as matérias completas serão da Radiobras, que exige cadastro.

A nova classe média franciscana

Monitor Mercantil

Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) reconfigura as classes sociais no Brasil. Segundo o estudo, de 2001 para 2007, 13,8 milhões de pessoas teriam subido de faixa social. Para analistas independentes, porém, a mobilidade social forjada pelo Ipea parte de conceitos de renda bastante elásticos, gerando uma classe média extremamente franciscana e uma camada de ricos que beira o risível. Assim, para o Ipea, do total de brasileiros que mudaram de classe social, 10,2 milhões saíram da camada de "baixa renda" (entre R$ 0 e R$ 545,66 de ganho mensal por família) para a de "renda média" (entre R$ 545,66 e R$ 1.350,92). O restante, 3,6 milhões de pessoas, subiram da faixa de "renda média" para a "alta renda" (acima de R$1.350,82). Ou seja, uma família com renda residencial de pouco mais de três salários mínimos seria rica. A análise foi baseada na Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) de 2007, do IBGE. Além do recorte de faixas salariais bastante modestas adotado pelo Ipea, o Pnad não capta a renda financeira - juros, aluguéis e ações. Estudo do próprio presidente do Ipea, Márcio Pochmann, mostra que a renda per capta média dos rentistas supera os R$ 8 mil mensais, incluindo idosos e crianças recém-nascidas. São apenas 20 mil clãs familiares controlando 75% da renda de juros, de acordo com Pochmann. Já Amorim avalia que o salto da base da pirâmide para a camada de "renda média" foi puxado, basicamente, por programas de assistência, e de transferência de renda além de oportunidades de emprego geradas no período. A passagem da camada de "renda média" para a "mais elevada" foi gerada, basicamente, por aumento no volume de empregos formais, e crescimento econômico. Segundo o Ipea, o perfil da pessoa da base da pirâmide que subiu para a "camada média", de 2001 para 2007, é não-branco; escolaridade até a quarta série do fundamental; carteira assinada e urbano, morador do Nordeste.
Página 3 do excelente
MONITOR MERCANTIL

Entregue ao descaso
Mauro Braga
Fato do Dia/Tribuna da Imprensa

Entre as gritantes tragédias vividas pela população do Rio, uma das que se destacam nas críticas do cidadão é a saúde pública. A escassez e o abandono são imensos. Falta desde um simples algodão até médicos nas emergências. Em casos um pouco mais complicados o calvário é ainda maior. As marcações para consultas e exames se arrastam por meses. O paciente tem que rezar para não morrer antes de ser atendido. Ontem, o governador Sérgio Cabral disse, a respeito da falta sem justificativa de cinco médicos ao plantão de domingo no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte da cidade, que a demissão seria a única solução imediata. É evidente que grande parte dos profissionais de saúde entrega a alma em prol dos pacientes. Entretanto, o preocupante é exatamente a outra fatia, aquela que já jogou a toalha, esqueceu qualquer tipo de juramento e vê no serviço apenas uma questão que pode ser tratada de forma irresponsavel. Uns e outros trabalham em diversos hospitais e em quase nenhum ao mesmo tempo. Preferem nos dias de seus plantões pagar a outro colega de profissão para trabalhar. Resumindo, não vão e ficam com o que sobra do salário, descontado o que foi usado para cobrir a ausência durante o mês através de substitutos. A única coisa que muita gente esquece, ou melhor, banaliza, é que o trabalho envolve vidas humanas. Não são frutas, legumes ou verduras que podem ser jogados num canto quando não são cuidados. Sistema falido, cidadão abandonado. Que enredo!
Fato do Dia

Eleitorado só decide voto na semana final
Pedro do Coutto
Tribuna da Imprensa

Em reportagem publicada no "Jornal do Brasil" de 21 de setembro, Idelina Jardim identificou forte dose de apatia na campanha para a Prefeitura do Rio, já que tanto o Ibope quanto o Datafolha revelam índices elevados de indecisão e também daqueles que, equivocadamente, hoje se dispõem a anular o voto ou votar em branco. Ela tem razão, se compararmos o grau de vacilação em nossa cidade com o da capital de São Paulo. Mas é preciso analisar também outro aspecto, ignorado pelo publicitário Roberto Ganem e pelo professor Herich Ulrich, da Uerj, entrevistados pelo JB. É que os eleitores cariocas somente se motivam na semana final da campanha. É tradicional isso. Acompanhando eleições desde 1954 como jornalista, coleciono na memória uma série de situações desse tipo.
Pedro do Coutto


Não vem que não tem
Carlos Chagas
Tribuna da Imprensa

O presidente Lula discursa hoje em Nova York, na abertura da Assembléia Geral das Nações Unidas, devendo mais uma vez apelar para a importância da substituição do petróleo pela energia alternativa tirada da biomassa. Mas não deixará de se referir à vantagem que o Brasil passou a dispor com a descoberta das imensas reservas de petróleo no pré-sal. Suas palavras terão duplo objetivo: o primeiro, de demonstrar que mesmo montados em jazidas iguais às do Oriente Médio, ainda optamos, damos o exemplo e estamos prontos a transferir tecnologia para a adoção, pelos diversos países do planeta, de energia renovável e não poluente. O outro, uma espécie de aviso capaz de ser resumido no mote popular do "não vem que não tem". Traduzindo: o presidente vai alertar que é nosso o petróleo descoberto em mar profundo, ao longo do litoral brasileiro. Tentará, ao menos retoricamente, desestimular quantas multinacionais e quantos governos se encontrem de olho grande nessa riqueza que, se não caiu do céu, emerge das profundezas em favor do desenvolvimento do Brasil. Porque já se ouve por aí, nos conciliábulos da indústria petrolífera internacional, que será de quem chegar primeiro o petróleo situado em mar alto, ainda que em nossas águas territoriais. A pergunta que se faz é se terá o presidente Lula sucesso nas duas propostas. Porque a resistência ao etanol continua forte, por obra e graça da indústria petrolífera. Será incentivada nos próximos meses a campanha ironicamente vista com simpatia até pela Petrobras, de que plantar cana significa aumentar a fome no mundo, pelo aproveitamento de terras antes destinadas a produzir alimentos. Quanto a sustentarmos nosso direito às reservas descobertas no pré-sal mais ou menos próximo do litoral brasileiro, quem garante que não se instalarão na área plataformas submarinas estrangeiras, "no peito e na raça", sem fazer conta de tratado e acordos anteriores? Afinal, não foi por coincidência que os Estados Unidos reativaram a Quarta Frota de sua Marinha de Guerra, destinada a patrulhar o Atlântico Sul. De qualquer forma, nossa palavra estará sendo apresentada hoje, em nome de nossos interesses.
Um enigma dentro de um mistério
A menos de duas semanas das eleições municipais ninguém duvida mais de que boa parte da sorte de 2010 repousa nas urnas de 5 de outubro de 2008. Apesar da imensa popularidade do presidente Lula, caso ele não se candidate a um terceiro mandato, conseguirá transferir votos para Dilma Rousseff? Disporá o PT de condições para impulsionar a candidata, se não eleger um razoável número de prefeitos das capitais e das grandes cidades? Tome-se São Paulo, onde o Lula já percebeu haver-se transformado na pedra de toque das eleições presidenciais e, por isso, desdobra-se para alavancar os companheiros. Na capital, os ventos sopram favoráveis a Marta Suplicy, ainda que sua vitória vá depender do segundo turno. Mas nas nove cidades da Grande São Paulo, por enquanto o PT lidera as pesquisas em cinco. Parece pouco, quando se compara essa vantagem com os números das demais cidades paulistas com mis de 200 mil habitantes. O PSDB deve vencer em 195. O PMDB, em 89. O DEM em 74 e o PTB em 65. O PT surge em quinto lugar, com 57 preferências. Daí a importância para o presidente Lula de eleger Marta, batendo o adversário José Serra em seu reduto principal, mas obrigado a aumentar o número de vitórias em outras cidades grandes. Dessa forma Dilma poderia decolar, ainda que vá permanecer até 2010 outro enigma dentro de outro mistério: um presidente da República, mesmo popular, transfere seus próprios votos?
Carlos Chagas

Americanos contra as opções de Bush
Argemiro Ferreira
Tribuna da Imprensa

Embora sejam poucas - ou insuficientemente divulgadas - as pesquisas nos EUA sobre política externa, quando elas são feitas costumam desmentir o propalado desinteresse dos americanos pela questão. Agora, por exemplo, é surpreendente o resultado de pesquisa feita pelo Chicago Council on Global Affairs, que expôs apoio significativo a uma substancial correção de curso. Depois dos oito anos de belicismo e agressividade do governo Bush no mundo, nada menos de 88% dos democratas e 81% dos próprios republicanos estão convencidos de que chegou a hora de mudar. Os EUA, segundo respondeu segmento esmagador dos que se inclinam pelos dois partidos, deviam melhorar a postura e fazer mudanças na política externa, inclusive em relação a certos temas sensíveis. A marcha a ré positiva foi defendida como "muito importante", devendo incluir até conversas com líderes de governos hoje rotulados de "inamistosos", como os de Cuba (70% apoiam uma retomada do diálogo), Coréia do Norte (68%), Irã (65%), Birmânia (63%) e Zimbabwe (61%). Ao mesmo tempo, foi expressiva a maioria (67%) contrária a um compromisso por tempo indeterminado no Iraque.
Argemiro Ferreira

Ciro pode estar enganado
Sérgio N. Lopes
Tribuna da Imprensa

Não se deve estranhar que o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) defenda tão ardorosamente a candidatura da ministra Dilma Rousseff, chegando até a admitir ser vice dela. Gomes é candidato a presidente e acha mais fácil vencer Dilma do que um político profissional do PT. Até faz sentido, mas Gomes pode estar enganado em sua avaliação. O eleitor brasileiro está cansado de políticos profissionais e pode preferir uma dama de ferro, em versão nacional.

Fala sério!

Depois da inoportuna cigarrilha do presidente Lula, que se declarou "viciado", agora é o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que se enrola todo devido ao hábito de fumar charutos. Ninguém - mas ninguém, mesmo - acreditou na desculpa de que José Dirceu foi visitar recentemente Jobim apenas para presenteá-lo com uma caixa de charutos cubanos. Como dizia Bussunda, fala sério!

China caótica
O escândalo na China envolvendo leite em pó arranca a máscara do regime ditatorial de Pequim, que se curvou ao capitalismo selvagem e já não consegue proteger os cidadãos. As indústrias não sofrem fiscalização, fazem o que querem e a poluição se agrava. O governo chinês admite que a cada ano morrem 400 mil pessoas por causa da poluição, mas na verdade este número deve ser dez ou vinte vezes maior, um verdadeiro genocídio.

Festa na Alerj
O diretor de cinema e televisão Carlos Manga vai ganhar amanhã uma homenagem especial, ao receber do deputado André do PV o título de Benemérito do Estado. Alguns amigos especiais já confirmaram presença, como o humorista Chico Anysio e os diretores Daniel Filho, Guel Arraes e Denise Sarraceni, garantindo o sucesso da festa na Alerj.
Ressocialização
O trabalho é o melhor instrumento de ressocialização, mas as empresas discriminam os ex-presidiários. Por isso, o estaleiro MacLaren está dando um grande exemplo ao contratar presidiárias que cumprem pena em regime aberto ou semi-aberto. Elas vão trabalhar como soldadoras, caldeireiras e maçariqueiras. E os homens que se cuidem.
Em atraso
A inadimplência do consumidor brasileiro apresentou crescimento de 6,6% de janeiro a agosto, em relação ao período equivalente de 2007. A lista do atraso nas contas continua liderada pelas dívidas com bancos, com participação de 43,2% no indicador. Em seguida, aparecem as pendências com cartões de crédito e financeiras (32,5%); os cheques devolvidos (22%) e os títulos protestados (2,3%).
Sérgio N. Lopes

Por que tudo anda bem com Bardhal
Carlos Alberto Vizeu
Tribuna da Imprensa

O detetive Bardahl e seus inimigos da Turminha Brava marcaram época na propaganda brasileira. Quem tem mais de 40 anos com certeza se lembra da assinatura fonográfica "Tudo anda bem com Bardahl" e de um certo ar de Dick Tracy do detetive herói dos comerciais, sempre a postos para salvar o motor dos carros de vilões como sujeira e ferrugem. Na verdade, os bonecos foram criados nos Estados Unidos pela agência Miller, Mackay, Hoeck e Hartung. Os criativos se inspiraram em uma popular série policial chamada "Dragnet", estrelada pelo personagem Jack Webb, de quem o detetive Bardahl incorporou algumas características, como a voz. Mais tarde, ele ganharia umas pitadas de Dick Tracy. O primeiro filme, em preto e branco, foi ao ar em 1953. A decisão de usar as mesmas figuras por aqui foi dos empresários que desenvolveram a marca Bardahl no Brasil. A adaptação foi feita pela Alcântara Machado, que criou nomes palatáveis ao público brasileiro, ainda nos anos 50: eles se transformaram em Antônio Sujo, Zé dos Anéis Presos, Carvãozinho e Chico Válvula Presa, a Turminha Brava. Logo depois, a conta da Bardahl passou para a carteira da Denison.
Intervalo

Ari Cunha - Nada aconteceu
Correio Braziliense

Passo Fundo, a pacata cidade do Rio Grande do Sul, vive situação de vaca não conhecer bezerro. Um ladrão roubou um carro em certo estacionamento. Já distante do local, viu que uma criança de mais ou menos 5 anos estava dormindo no banco traseiro. Foi o bastante para frustrar o marginal de seu intento. Mas valeu a presença de bom coração. Parou o carro onde estava, telefonou para a polícia, contou a história e ficou de longe observando a chegada da Força. Mas mesmo no telefone fez sérias restrições aos pais. Não deixou de dizer que eles eram piores do que quem roubava. Disse mais: que se encontrar o pai, vai tomar contas do procedimento caseiro. Notícia à parte, foi também humana a decisão da polícia. Recolheu o carro, levou para o depósito e localizou o pai, dando a notícia. O assunto comoveu tanto os policiais, que deixaram de adotar providências naturais neste caso. O carro deveria estar repleto de impressões digitais, mas eles se prenderam ao fato de defender a criança. O ladrão não deixou de fazer a comparação, considerando-se superior ao pai. Jamais faria isso contra qualquer criança e defendeu os direitos humanos. Essa história está sendo contada sem identificações de pessoas. Vale para os leitores o assunto em si. Cada um que analise a posição dos três: ladrão, pai e polícia. É o caminho da paz.
Ari Cunha - Nada aconteceu

Brasil S.A - Podres do subprime
Correio Braziliense

FBI já investiga fraudes com hipotecas. Centenas estão presos. E socorro à banca ainda não saiu

O plano do governo Bush de criar um fundo público de até US$ 700 bilhões para absorver os papéis relativos a hipotecas que corroem os balanços da banca entra numa semana decisiva. Há três entraves. 1º, o Congresso aprovar a proposta; 2º, a maioria acreditar que o plano funcione; 3º, existir compreensão das causas da crise.
Os mercados financeiros globais estão travados pela desconfiança quanto à extensão dos prejuízos da banca e a capacidade de a rede de proteção armada pelo Tesouro e o Federal Reserve funcionarem a tempo de impedir novas quebras. A operação-resgate trouxe alívio e adiou o desastre sistêmico que ameaça os bancos e a economia real. Os bancos centrais estão com a língua de fora: injetam dinheiro a rodo nos bancos e a confiança não volta. Ou o Congresso dos EUA dá o sinal de que aprova o fundo ou haverá um sismo financeiro. Sabe-se que em todo o mundo é mal visto ajudar bancos em crise. E pior ainda a 43 dias de eleições gerais, com o mandato de Bush no fim.
Brasil S.A - Podres do subprime

Brasília-DF - O PT e o “puxadinho”
Correio Braziliense

A partir do mês que vem, os petistas vão começar a testar a proposta de prorrogar os mandatos de governadores, deputado federais, estaduais e senadores por mais dois anos, de forma a estabelecer a coincidência de mandatos para 2012. No embalo, prorrogariam também o mandato do presidente Lula por mais dois anos. O principal argumento é justamente a popularidade recorde do presidente e de seu governo, registrada ontem pela pesquisa CNT/Sensus, o que, na avaliação dos petistas, transforma Lula num nome capaz de levar avante as reformas que o Brasil precisa, como a tributária e a política – com o fim da reeleição e a mudança do mandato presidencial de quatro para cinco anos. Em, tempo: autor da emenda que prevê a reeleição do presidente, o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) é um dos que se empolgaram com essa proposta a ser discutida assim que terminarem as eleições. Falta combinar com os pré-candidatos e com o próprio Lula, que declarou estar pronto para entregar o cargo em 1º de janeiro de 2011.
Brasília-DF - O PT e o “puxadinho”
PETRÓLEO, A RESSACA DA CRISE
Ricardo Allan
Correio Braziliense


Grandes bancos americanos estão falidos. O governo dos EUA vai gastar pelo menos US$ 700 bilhões para socorrê-los. Logo, o país mais rico do mundo aumentará muito seu endividamento público. Assim, a tendência é que o dólar perca valor frente às principais moedas do mundo. Conseqüentemente, o preço das commodities tende a subir. Fazendo esse raciocínio, especuladores de todos os cantos torpedearam ontem o mercado de petróleo de Nova York. O barril subiu 15,66%, maior alta da história, e fechou cotado a US$ 120,92. Como ficou claro que a crise está longe do fim, várias bolsas de valores voltaram à baixa, inclusive a de São Paulo, que caiu 2,86%. Apesar do salto espetacular do petróleo, analistas afirmam que, por enquanto, a gasolina não ficará mais cara no Brasil.

PIOR // Em Nova York para participar da assembléia da ONU, presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que “crise é mais grave do que parecia há seis meses”
MUITO PIOR // Apesar da urgência pedida por Bush, Partido Democrata, maioria no Congresso, exige garantias de que calote sobre bancos não acabe nas mãos do governo
PETRÓLEO EM DISPARADA

O velho mundo novo
Coluna - Nas Entrelinhas
Correio Braziliense

O Estado americano está aí para defender os interesses dos EUA. Deveria ser assim com todos os demais estados. Cada um por si. A ilusão acabou, e quem não dormiu no sleeping-bag nem sequer sonhou. Diz um corolário do alegado fim da História que o século 20 durou bem menos que os 100 anos convencionais. Ele teria ido de 1914, quando estourou a Primeira Guerra Mundial, até 1989, quando o Muro de Berlim deixou de fazer sentido. Um século portanto amputado em um quarto de sua extensão. Não é pouca coisa. Mas os fatos recentes levam a desconfiar de que, assim como o teorema, o corolário será logo atirado no rol dos equívocos. Semana passada, por exemplo, o presidente da República manifestou preocupação quanto à capacidade brasileira de defender militarmente nossas águas territoriais, agora valorizadas com a descoberta de que nadamos sobre um gigantesco colchão de petróleo e gás.
O velho mundo novo

Notícia do FGTS é "abominável", diz Lula
DANIEL BERGAMASCO, JULIANNA SOFIA e KENNEDY ALENCAR
Folha de S. Paulo

Presidente nega reportagem da Folha que revelou plano de reabrir compra de ações da Petrobras com recursos do fundo

Petista já pediu a auxiliares estudo de formato jurídico da operação, mas reunião sobre assunto prevista para outubro é desmarcada. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou ontem que já tenha decidido permitir o uso do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para uma nova rodada de investimentos na Petrobras, conforme revelou a Folha anteontem. Apesar de negativa veemente, dizendo que nem pensou no assunto, Lula já pediu a auxiliares que avaliassem o formato jurídico do uso do FGTS para capitalizar a Petrobras no processo de exploração do pré-sal. Segundo apurou a Folha, foi desmarcada ontem uma reunião para apresentação desse formato jurídico antes prevista para o começo de outubro. A negativa de Lula faz parte da contrariedade do governo com a divulgação da notícia, que afetou o mercado de ações no Brasil e antecipou detalhes de sua estratégia para propor uma nova Lei do Petróleo. "Acho abominável alguém fazer uma manchete irresponsável daquele jeito sem nunca terem conversado comigo e sem que eu nunca tivesse sequer pensado na idéia. Eu fiquei surpreso com a matéria e acho isso irresponsabilidade, porque isso mexe com o mercado, de uma coisa que eu nunca falei", disse o presidente. Em seguida, disse que deveriam ter sido consultados ele, "o ministro da Fazenda ou o presidente do Banco Central ou o ministro do Planejamento ou o ministro do Trabalho, que cuida do FGTS". E emendou: "Isso é irresponsabilidade, e não contribui para o Brasil. Prejudica o nosso país". Após a publicação da notícia, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, confirmou que havia a discussão no governo. A Folha obteve a informação de três auxiliares diretos do presidente, que relataram a decisão de Lula de envolver trabalhadores e a classe média no processo de capitalização da Petrobras.
Lula nega ter permitido uso do FGTS em ações

Polícia alerta para queda de eficácia da lei seca
LARISSA GUIMARÃES
Folha de S. Paulo

Número de mortes nos 3 primeiros meses da medida caiu 8% nas estradas federais, menos que os 13,6% dos 2 primeiros meses

Para a PRF, municípios precisam reforçar fiscalização; índice de mortes só continuará em queda se vigilância não afrouxar, diz especialista. A Polícia Rodoviária Federal admitiu ontem a possibilidade de a lei seca estar perdendo efeito nas estradas federais. O número de acidentes com mortes caiu 8% nos três primeiros meses após a medida, índice inferior à queda nos dois primeiros meses, que foi de 13,6%. Para a PRF, os municípios precisam reforçar a fiscalização. Levantamento divulgado ontem comparou o período de 20 de junho (quando a lei entrou em vigor) a 20 de setembro deste ano com o mesmo período de 2007. Durante os três meses deste ano, a PRF registrou 1.351 acidentes com mortes contra 1.469 do ano passado.
Para polícia, lei seca pode estar perdendo efeito

Clóvis Rossi - E ainda abanamos o rabo
Folha de S. Paulo

Um grande craque do mundo financeiro, com experiência nos dois lados do balcão (governo e iniciativa privada), escreve para corrigir uma informação da coluna: foram seis de oito, e não três de cinco, as financeiras independentes de banco que quebraram nos Estados Unidos. Poderia ter acrescentado que foram todas as oito, agora que a Morgan Stanley e a Goldman Sachs tomaram a iniciativa de abandonar a independência (e a conseqüente regulação bem mais frouxa, quando não inexistente) para se tornarem bancos também. O "New York Times" diz que o pedido é o reconhecimento de que "seu modelo de finanças e investimento tinha se tornado demasiado arriscado e que necessitavam do colchão de depósitos bancários". Será que agora o Brasil e seus analistas vão abandonar o complexo de vira-lata (apud Nelson Rodrigues) e deixar de abanar o rabinho ante as miçangas oferecidas pelos colonizadores, no caso, os colonizadores financeiros? O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve um orgasmo quando o Brasil foi alçado a "investment grade", palavra que ele disse nem saber pronunciar direito. Mas era a "declaração", segundo Lula, de que o Brasil "é um país sério". Bobagem, Lula. O pessoal que diz quem é e quem não é "investment grade" não viu (ou viu, mas ficou quieto, o que é suspeito) todas essas grandes e históricas firmas financeiras deixarem de ser sérias até o ponto de quebrarem.
Clóvis Rossi - E ainda abanamos o rabo

Eliane Cantanhede - As tropas de Napoleão
Folha de S. Paulo

Tudo faz sentido. Nos EUA, onde as pessoas perdem suas casas e são chamadas a pagar a conta da crise financeira, Bush vai ladeira abaixo. Já no Brasil, o Ipea informa que 13,8 milhões pularam de faixa social entre 2001 e 2007. A aprovação do governo beira os 70%, e a popularidade de Lula bate recordes, a caminho dos 80%. O efeito Lula nas eleições municipais é óbvio. E a capacidade dele de transferir votos em 2010 e emplacar o sucessor? Pelo andar da carruagem e das pesquisas, a tese do terceiro mandato vai recrudescer e ele terá dois caminhos: ou se render às pressões da companheirada e à própria coceira continuísta, ou tentar se transformar no principal, talvez decisivo, cabo eleitoral.
Eliane Cantanhede - As tropas de Napoleão

Jânio de Freitas - Confusões às claras
Folha de S. Paulo

Convém um telefonema para Protógenes; seu relato tem observações que só poderiam ser de quem "quebrou código"

OS tempos por aqui andam um tanto confusos, com o serviço secreto sendo investigado, dizem que o alto Judiciário preferindo legislar, o Congresso se dispensando de fazê-lo (e de qualquer coisa mais), o ministro da Defesa no ataque e contra as suas hostes, a privacidade posta em público, e mais não relembro porque não precisa. Minha contribuição para desconfusionar o cenário só pode ser como incentivo a outros, e assim mesmo com poucas e modestas observações. Ei-las, ao vosso dispor. A Polícia Federal, como informaram meus colegas Rubens Valente e Mario Cesar Carvalho, não conseguiu "quebrar o código", na expressão da contra-espionagem, para ler as gravações computadorizadas que há dois meses e meio apreendeu no apartamento de Daniel Dantas. Precisaria de um ano, talvez, para fazê-lo. Ora, o provável esclarecimento está na PF mesma.
Jânio de Freitas - Confusões às claras

Mercado Aberto - Falta de crédito ameaça infra-estrutura
Folha de S. Paulo

A crise financeira global está assustando as grandes empresas de infra-estrutura do país. A grande preocupação é com a restrição ao crédito, que, por enquanto, afeta as decisões de curto prazo, mas, se houver um agravamento da situação, os projetos de longo prazo também podem ser atingidos. O presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base), Paulo Godoy, afirma que a maior preocupação do setor, hoje, é o restabelecimento do fluxo financeiro. O crédito está muito mais seletivo e as empresas estão com dificuldades de tomar dinheiro emprestado nos bancos principalmente para as operações do dia-a-dia. Os próprios bancos brasileiros, apesar de não terem tido problemas de inadimplência, estão com dificuldades de renovar suas linhas externas de crédito. O Banco Central tem usado parte das reservas para emprestar aos bancos.
Mercado Aberto - Falta de crédito ameaça infra-estrutura

Painel - Atacadão
Folha de S. Paulo

Ao ameaçar mandar o secretário de Governo, Clóvis Carvalho, ao mesmo Conselho de Ética para o qual já foi remetido o secretário de Esportes, Walter Feldman, o presidente do PSDB municipal, José Henrique Reis Lobo, escreve um roteiro que, na contramão das aparências, deve contribuir para que a novela da punição aos kassabistas dê em nada. Em privado, a direção nacional avalia que, quanto maior o número de pedidos de expulsão (os alckmistas querem incluir também os vereadores), menor a chance de que qualquer um deles se concretize. O diagnóstico é que, encerrada a batalha campal em São Paulo, o partido não estará em condições de quebrar mais pratos, mas apenas de juntar os cacos.
Milhão e...
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, foi a estrela do recente jantar de arrecadação da campanha de Luiz Marinho (PT) em São Bernardo do Campo. Cada um dos 30 participantes desembolsou R$ 20 mil.
...tostão
Enquanto Marinho amealhou R$ 600 mil numa única noite, o também petista Vicentinho, que disputou sem sucesso a prefeitura da cidade em 2004, declarou ter arrecadado, na campanha inteira, R$ 865,5 mil.
Menos, menos
Para surfar na popularidade do presidente, a propaganda de rádio e tv dos candidatos governistas recorre a toda sorte de expedientes pelo país. Em Osasco, o programa reeleitoral do prefeito petista diz que "Lula e Emídio têm ideais semelhantes, como dois irmãos".
Fogo amigo
Cinco diretórios do PT do interior de Pernambuco reclamaram à direção nacional contra o périplo do ministro José Múcio (PTB) pelo Estado. Afirmam que o coordenador político do Planalto subiu em palanques tucanos e "demos" discursando que eles representavam o governo Lula. O ministro nega: "Não é meu estilo".
Lulou
ACM Neto (DEM) escanteou a segurança, ex-carro-chefe de sua campanha na TV, para falar bem do Bolsa Família, que "leva dignidade a Salvador". A campanha usa, inclusive, imagem do ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social).
Torneira
A área econômica do governo já avisou aos operadores políticos que será reduzido o ritmo de liberação de emendas de parlamentares até o final do ano. O discurso oficial é que será necessário ter austeridade num momento de crise internacional.
Painel - Atacadão

Paraguai e Bolívia vetam entrada de agentes da Abin
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
Folha de S. Paulo


Recentes suspeitas de participação de membros do órgão em escutas ilegais inviabilizaram de vez projeto de cooperação

Felix e Lacerda foram aos EUA em junho conhecer sistema da CIA e voltaram com planos de reformular os serviços de inteligência. Bolívia e Paraguai barraram a entrada de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) em seus territórios. Pedidos de autorização para o envio dos chamados "adidos civis" de inteligência foram engavetados, respectivamente, pelos governos de Evo Morales e do ex-bispo Fernando Lugo, que desconfiam do interesse da agência em montar escritórios em La Paz e Assunção, segundo a Folha apurou. Oficialmente, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) diz que "os pedidos de "agrément" estão em processo de concessão". "Não é que não concederam, ainda tem prazo antes da decisão final", afirmou o assessor de imprensa Homero Zanotta. Mas fontes do Itamaraty e dos governos vizinhos confirmaram o veto.
A omissão é uma forma diplomática de se dizer não, segundo funcionários dos governos boliviano e paraguaio. Essas autoridades, que pediram anonimato devido à sensibilidade do tema, alegaram que há desconfiança sobre as atividades dos espiões brasileiros. A gota d"água para inviabilizar de vez a cooperação veio com as recentes denúncias de suposta participação de agentes da Abin em escutas ilegais. O Itamaraty, por sua vez, lavou as mãos, temendo que os arapongas extrapolem suas funções, causando algum conflito diplomático. Diplomatas brasileiros ouvidos pela reportagem comentaram ainda que os vizinhos consideram suficiente a atual cooperação militar e policial, feita por adidos militares e da Polícia Federal.
Paraguai e Bolívia vetam entrada de agentes da Abin

Satiagraha: Advogado de Dantas questiona uso de HD
Folha de S. Paulo

O advogado do banqueiro Daniel Dantas, Nélio Machado, disse que a Polícia Federal usou de forma ilegal dados do HD do banco Opportunity, apreendidos durante a Operação Chacal (em 2004), para iniciar as investigações da Satiagraha, deflagrada neste ano. Segundo Machado, os arquivos do disco rígido só poderiam ser utilizados para apurar crimes de corrupção e violação de sigilo de informação reservada e a Operação Satiagraha investiga crimes contra o sistema financeiro.
Satiagraha: Advogado de Dantas questiona uso de HD

Bush estatiza mais que Putin, diz Hobsbawm
MAURÍCIO MORAES
Folha de S. Paulo

Análise
O capitalismo está em convulsão, assegura o historiador britânico Eric Hobsbawm, autor de clássicos como "Era dos Extremos". Ele se atém ao ditado do banqueiro inglês Lord Overstone, que no século 19 resumiu os humores do sistema financeiro: "Quietude, progresso, confiança, prosperidade, excitação, especulação, convulsão, pressão, estagnação, fim e, novamente, quietude". Aos 91 anos, vivendo em Londres, Hobsbawm se desculpou por não conceder uma entrevista à Folha, mas enviou comentários por e-mail. Disse que a atual crise "marca o fim da desregulamentação e do fundamentalismo de mercado" e que EUA e Europa "estão descobrindo o que a América Latina e a Ásia conhecem de longa data -o quão séria uma crise do capitalismo pode ser". "O que eu gostaria de dizer sobre a atual crise está descrita no artigo "Capitalismo em Convulsão"", disse Hobsbawm. O texto é de John Plender, publicado pelo "Financial Times".
Bush estatiza mais que Putin, diz Hobsbawm

Os doutores do povo

Cássio Schubsky
Folha de S. Paulo

Machado de Assis e Cartola, em artes distintas, têm em comum a origem humilde e o autodidatismo radical

Eeste ano de 2008 está se celebrizando pela enorme quantidade de efemérides, de datas que ensejam reflexão ou comemoração. O que é bastante animador, sobretudo em um país estigmatizado pela memória curta, pela amnésia coletiva, pelo vergonhoso descaso com a preservação do patrimônio histórico e cultural. O cardápio de marcos históricos contempla variados gostos: dos 200 anos da chegada da família real portuguesa, passando pelo cinqüentenário da conquista da Copa da Suécia de futebol, sem falar no centenário da imigração japonesa, incluindo os 50 anos da bossa nova, os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos ou os 20 anos da promulgação da Constituição e os 40 anos da decretação do hediondo ato institucional nº 5 -para resumir os exemplos. Alguns centenários recaem sobre expoentes da cultura brasileira. Ainda em setembro, irão se completar os cem anos da morte de Machado de Assis, caso em que os festejos poderiam até ser dispensados, pois a comemoração da obra do escritor é permanente, não carece de data redonda -Machado é sempre cultuado. Em outubro será a vez de celebrar o centenário de nascimento do cantor e compositor Cartola. Este, sim, legítimo representante do que se poderia chamar de "bossa velha", merece mais festa e, até agora, quase nada, apenas um sambinha aqui, outro ali... Machado de Assis e Cartola, em artes distintas, têm em comum a origem humilde e o autodidatismo radical -não freqüentaram escolas ou as freqüentaram muito pouco. Apesar disso, se destacam pela elevada qualidade artística no manejo da palavra. Cariocas da gema, os dois são exímios intérpretes da alma humana, com um refinamento intelectual que dá realmente o que pensar. Longe de mim a blasfêmia, mas parece que a qualidade da elaboração lingüística dos dois gênios da cultura brasileira não resulta de inspiração divina -ao menos não só dela. Tampouco da educação formal obtida em sala de aula. De todo modo, se a verve é fruto da sensibilidade, o vocabulário escorreito é proveniente de algum esforço de aprendizado -se não por meio de livros, por outro qualquer, transmissão oral, talvez.
Os doutores do povo

Acordo militar trará Sarkozy ao País

Gazeta Mercantil

O Plano Nacional de Defesa, inicialmente previsto para ser anunciado em 7 de setembro, será divulgado até o fim de outubro, disse ontem o ministro da Defesa, Nelson Jobim. O ministro também anunciou que a decisão sobre o acordo de cooperação militar com a França já foi tomada pelo governo e o pacto será assinado no fim do ano, durante uma visita do presidente francês ao Brasil. Jobim reconheceu que as Forças Armadas precisam de equipamentos novos para cumprir suas funções. "É evidente que precisam. Creio que até o fim de outubro devemos anunciar o Plano Nacional, que vai demonstrar claramente o tipo de modelo que temos de discutir", disse Jobim, na cidade de Itapemirim, no Espírito Santo, onde acompanhou demonstrações da Operação Atlântico, que simula uma guerra pelo controle da infra-estrutura petrolífera dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu submeter o plano de defesa ao Conselho de Defesa Nacional, que vai se reunir no início de outubro. Segundo Jobim, no fim de dezembro o presidente da França, Nicolas Sarkozy, virá ao País para assinar um acordo militar que envolve transferência de tecnologia para a conclusão do projeto de construção do submarino a propulsão nuclear.
Acordo militar trará Sarkozy ao País

Lessa critica postura arrogante do governo
Gazeta Mercantil

O economista Carlos Lessa, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), disse ontem que embora a economia brasileira experimente um momento favorável, como não ocorria há muitos anos, o governo não pode cometer a irresponsabilidade de afirmar que o País está imune à atual crise financeira internacional. "É verdade. O Brasil está hoje numa situação melhor do que esteve em outras crises. Também, alguma coisa nós tínhamos que ganhar com 25 anos de estagnação econômica. Estamos mais robustos um pouco, mas se não tomar cuidado a gente se enfraquece logo", alertou. De acordo com o economista, a crise internacional é o resultado de mais de 30 anos de expansão financeira "progressivamente desregulada", com uma multiplicidade de ativos financeiros que não correspondem ao desenvolvimento da base produtiva. "É o que nós chamamos de uma bolha. E a bolha, quando explode, deixa praticamente nada", disse.Ele avalia que as conseqüências que isso terá para o Brasil estão condicionadas ao controle da crise financeira externa, que não gere uma depressão. Lessa prevê que o crescimento da economia mundial vai cair, começando pelos Estados Unidos e depois a China, com rebatimento sobre o Brasil.
Lessa critica postura arrogante do governo

Superávit atinge US$ 839 milhões
Gazeta Mercantil

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 839 milhões na terceira semana de setembro (de 15 a 21), de acordo com dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O resultado corresponde a US$ 4,355 bilhões em exportações e US$ 3,516 bilhões em importações, o que representa uma corrente comercial (soma das exportações com as importações) de US$ 7,871 bilhões.
No acumulado do ano até a terceira semana de setembro, a balança apresenta saldo positivo de US$ 19,298 bilhões, o que corresponde a uma queda de 65,3% em relação a igual período do ano passado. De janeiro a setembro (até dia 21), as exportações somam US$ 144,824 bilhões e as importações US$ 125,526 bilhões. A corrente comercial no período atingiu US$ 270,350 bilhões. No mês, as exportações somam US$ 13,981 bilhões. As importações no mesmo período totalizam US$ 11,590 bilhões. Analistas consultados pelo Banco Central estimam um superávit de US$ 23,73 bilhões para a balança em 2008.
Superávit atinge US$ 839 milhões

Amianto brasileiro reage às pressões externas
ARTIGO - Rubens Rela Filho
Gazeta Mercantil

"O cenário para o mercado de polipropileno é otimista e tende a ser cada vez mais interessante quando a oportunidade de substituição do amianto começa a ser vislumbrada no Brasil." A frase, na Gazeta Mercantil em 17/9 (pág. A3) em artigo do presidente da Abifibro, revela o verdadeiro objetivo por trás da disputa patrocinada pela indústria multinacional de fibras sintéticas, que busca confundir a opinião pública e as autoridades brasileiras sobre o amianto crisotila, usado no País na fabricação de telhas e caixas d’água. Com esse jogo pesado, a multinacional quer tomar um mercado de R$ 2,5 bilhões anuais no qual atuam empresas genuinamente brasileiras, na maioria de pequeno porte. As doenças relacionadas ao amianto já foram extintas no Brasil, assim como o sarampo e outras endemias. Entre os trabalhadores admitidos desde 1980 não se registrou nenhum caso de doença resultante do uso de crisotila no País, o que demonstra ao mundo que o uso correto e seguro desta fibra natural é perfeitamente viável. Os poucos casos de doença ainda existentes estão relacionados ao uso incorreto do mineral, décadas atrás, numa época em que o Brasil importava o amianto do tipo anfibólio - que por ser 500 vezes mais perigoso do que o crisotila acabou sendo proibido em vários países. Em sua campanha pela proibição do crisotila a multinacional das fibras sintéticas omite que, de maneira geral, não há fibras substitutas seguras. Em 2005 a Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (Iarc), braço direito da Organização Mundial da Saúde (OMS) - concluiu numa reunião em Lyon (França), após vários anos de estudos científicos, que todas as fibras que poderiam vir a substituir o amianto, entre elas fibras sintéticas de polipropileno (PP) e de poliálcool vinílico (PVA), são respiráveis e altamente biopersistentes, sendo sua periculosidade indefinida por falta de estudos científicos mais acurados. Quanto às telhas produzidas com fibras sintéticas de PP e PVA, sua fabricação exige a aplicação de polímeros aditivos e de grande quantidade de celulose pura - cujas fibras são biopersistentes, podendo, portanto, ocasionar mal à saúde. Diferentemente das telhas de fibrocimento com amianto crisotila, cujas fibras são naturais, as telhas com fibras sintéticas trazem em seu bojo grande quantidade de componentes químicos, com um impacto no meio ambiente 35% superior ao gerado pelo crisotila. Segundo o Instituto de Tecnologia de Portugal, o consumo de eletricidade é 13 vezes maior na produção de fibrocimento com fibras sintéticas do que quando se usa crisotila. Além disso, cerca de 15 mil toneladas de celulose, sob a forma de jornais velhos, deixarão de ser reciclados ao ano pelas indústrias de fibrocimento, caso o Brasil decida permitir só a produção das telhas com fibras sintéticas - o que exigirá altos gastos com a importação de celulose pura. As fibras sintéticas, derivadas do petróleo, têm custo muito superior ao do amianto. O setor de fibrocimento com fibras sintéticas tenta acabar com o de amianto crisotila porque não consegue competir. O Brasil ainda não realizou qualquer tipo de estudo científico para a liberação, pelo Ministério da Saúde, das fibras de PP e PVA. É bom que se ressalte: em estudo promovido posteriormente à liberação e por renomados pesquisadores internacionais, as fibras de PP e PVA foram classificadas pela Iarc como "materiais de risco indefinido, sendo necessário fazer estudos científicos para avaliar-se adequadamente o risco". Logo, a conclusão da Anvisa sobre o tema carece de fundamento científico. Em contrapartida, diversos estudos científicos mostram que o amianto crisotila, usado hoje em mais de 130 países, desde que extraído e manuseado de forma controlada, como ocorre no Brasil desde a década de 1980, não oferece risco à saúde, seja no processo de produção, seja pelo uso das telhas e caixas d’água produzidas com essa fibra natural. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de crisotila. E por cobiça de uma multinacional, este setor da economia está sendo atacado de forma desleal. Essa ação danosa para aniquilar o setor de crisotila exige urgente e rigorosa apuração das autoridades brasileiras.
Amianto brasileiro reage às pressões externas

Quebre o próprio sigilo primeiro, ministro
Coliuna - Augusto Nunes
Gazeta Mercantil

Em outubro de 2003, o País foi confrontado com a anatomia de um crime que, praticado 15 anos antes pelo deputado constituinte Nelson Jobim, assumiu dimensões bem mais perturbadoras ao ser revelada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim. Com a naturalidade de quem está explicando por que prefere chimarrão a café, o parlamentar gaúcho confessou ter infiltrado na Constituição de 1988, cujo texto definitivo lhe competia redigir, dois artigos que não haviam sido votados, nem mesmo discutidos pelo plenário. Se o País tivesse juízo, a reação indignada obrigaria Jobim a devolver a toga, identificar os textos contrabandeados (para que fossem prontamente expurgados), pedir perdão ao povo em geral e a seu eleitorado em particular, voltar aos pampas e ali esperar a mão da Justiça. Como pôde ter sido ministro da Justiça quem faz uma coisa dessas?, berrariam milhões de suecos. Como pode alguém assim ser vice-presidente do tribunal que decide o que é ou não constitucional?, urrariam incontáveis finlandeses. Mas o Brasil não faz sentido. E fez de conta que o cinqüentão Jobim continuava tão brincalhão quanto o estudante de direito que furtou o sino da faculdade. Uma nação com hímen complacente não grita nem mesmo quando a Constituição é estuprada, confirmaram os franzinos balidos do rebanho. Três dias depois da revelação desconcertante, o réu confesso voltou espontaneamente ao tema para explicar que não agira sozinho. As infiltrações ilegais, esclareceu, haviam sido encomendadas pelo deputado Ulysses Guimarães, o presidente da Assembléia Nacional Constituinte morto no começo dos anos 90.
Quebre o próprio sigilo primeiro, ministro

Aumento maior para aposentados
Márcio Falcão
Jornal do Brasil

O governo quer emplacar, no próximo ano, uma política de recuperação salarial para cerca de 7 milhões de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). O reajuste, superior ao concedido nos últimos anos, ficaria em torno de 7% a 9%.

Benefícios do INSS perderam até 40% nos últimos quatro anos em relação ao mínimo
O governo mandou emissários ao Congresso para tratar da recuperação salarial de cerca de 7,5 milhões de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). A idéia é emplacar, no Orçamento de 2009, uma política de reajuste superior à praticada nos últimos anos, que para esta parcela de beneficiados tem levado em consideração só a inflação. Os técnicos da Comissão Mista do Orçamento (CMO) começaram a fazer as contas, mas não fecharam os números. A expectativa é de que o aumento seja algo em torno de 7% a 9%. A variação ainda é menor do que a praticada no salário mínimo, mas representa um avanço, segundo deputados da comissão. Pela proposta do Orçamento da União para 2009, encaminhada em agosto ao Congresso, o salário mínimo será reajustado em 12% a partir do dia 1º de fevereiro de 2009 e as aposentadorias teriam 6,2% de aumento. Com isso, o valor do mínimo passará dos atuais R$ 415 para R$ 464,72 ­ aumento de R$ 49,72 (11,98%).
Aposentado poderá ganhar mais em 2009

Goldman e Morgan viram bancos de varejo
Jornal do Brasil

O Federal Reserve (o banco central americano, Fed) aprovou ontem a conversão imediata dos dois últimos grandes bancos de investimento americanos, Goldman Sachs e Morgan Stanley, em bancos de varejo. A mudança pode ajudar as duas instituições a superar a atual crise financeira. O Fed anunciou sua decisão em comunicado no qual disse que suprimirá o período habitual de espera de cinco dias, após consulta realizada no departamento de Justiça. A mudança no status das instituições financeiras permitirá que criem bancos comerciais, que poderão tomar depósitos, amparando os recursos de ambas instituições, e terem o mesmo acesso que outros bancos comerciais aos planos de empréstimo da emergência do Fed. O Goldman Sachs e o Morgan Stanley são os únicos bancos de investimentos independentes que restam nos Estados Unidos após a atual crise financeira, que acabou com a concordata do Lehman Brothers, após um colapso na segunda-feira passada.
Goldman e Morgan viram bancos de varejo

Após eleições, vem reforma ministerial
Coluna - Coisas da Política
Jornal do Brasil

É UMA BELEZA: os repórteres que cobrem a área política sabem que há temas que sempre voltam ao noticiário, em momentos específicos. E vêm invariavelmente da mesma forma: começam com um comentário aqui e ali, em geral com o interlocutor pedindo sigilo; crescem; tomam corpo; viram um debate forte e às claras, com ares de fato consumado; depois são negados pelo poderoso de plantão; esfriam um pouco, mas acabam acontecendo, sempre bem depois da data marcada, só que numa dimensão bem menor do que se imaginou de início. Mas vamos lá! É um ritual que se tem de cumprir, porque, em jornalismo, não se briga com os fatos. E o fato é que, terminadas as eleições municipais, os partidos políticos que apoiam o governo vão fazer as contas e ver quem ganhou e quem perdeu na disputa. Os que ganharam saem na frente para as próximas eleições proporcionais. Ou seja: quem eleger agora mais prefeitos e vereadores, tem mais cabos eleitorais para eleger deputados nas próximas eleições. Será, então, um partido mais importante na sua coalizão, e vai cobrar mais espaço no governo que apóia. Ou seja, mais e melhores ministérios. Daí começa a pressão por uma reforma ministerial. Foi assim no primeiro e no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso e no primeiro governo Lula. E será assim agora no segundo governo Lula. O curioso é que, nos últimos tempos, essa discussão sempre teve um protagonista: o PMDB. O presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP), admite: ­ É interessante mesmo. Há tempos que o PMDB não tem tido candidaturas significativas a presidente da República, mas o partido tem-se saído muito bem nas eleições municipais e, com isso, tem tido uma boa base para eleger deputados e senadores. Está aí, talvez, a explicação para a nossa força.
Após eleições, vem reforma ministerial

REAÇÃO A PLANO DOS EUA É DE CETICISMO
O Estado de S. Paulo

O primeiro dia útil após a divulgação dos detalhes do pacote americano para salvar o sistema financeiro foi marcado pelo ceticismo. As bolsas de valores tiveram perdas expressivas por causa da avaliação de que o plano será insuficiente para evitar que os Estados Unidos entrem em recessão. O G-7, grupo que reúne Japão, França, Canadá, Reino Unido, Itália e Alemanha, expressou solidariedade ao governo Bush, mas descartou medidas semelhantes em seus sistemas. O Congresso começou a discutir as medidas, mas parece andar em ritmo mais lento do que gostariam o secretário do Tesouro, Henry Paulson, e investidores. “É segunda-feira e as pessoas estão acordando depois de uma ressaca gigantesca, tentando entender o que vem a seguir”, disse John Schloegel, vice-presidente da Capital Cities Asset Management. “Há dor à frente para a economia e o consumidor.” O G-7 não avalizou a proposta de Paulson para que o modelo de resgate americano seja adotado por outros países. “Nos comprometemos a reforçar a cooperação internacional e responder aos atuais desafios na economia e nos mercados globais e a manter uma cooperação estreita e elevada entre os ministérios de finanças, bancos centrais e reguladores”, disse o grupo, em comunicado.
Reação a plano dos EUA é de ceticismo

Índios agrícolas
Xico Graziano
O Estado de S. Paulo

Todos os olhares se voltam para Roraima, à espera da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a reserva Raposa Serra do Sol. A sociedade, ansiosa, torce por uma solução harmônica sobre aquele longínquo espaço indígena. Enquanto isso, aqui mais perto, em Mato Grosso do Sul (MS), a Funai apavora os agricultores. O problema dos índios se discute em cada esquina de Campo Grande. Os produtores rurais se mobilizam para resistir à tomada de suas fazendas. O governo estadual está revoltado com a atitude federal. A população anda perdida em meio à discussão. Ninguém sabe como vai terminar essa terrível história. Há tempos se discute a situação indígena em Mato Grosso do Sul. Existem no Estado 38 grupos étnicos, ligados aos guaranis-caiovás. A maioria das comunidades (26) se encontra em áreas já definitivamente demarcadas, contendo 583 mil hectares, onde vivem 29 mil indígenas. Excluindo a grande Reserva da Bodoquena, vivem apertados. Outros 2 mil índios aguardam a regularização de 30 mil hectares. É justo, e um direito constitucional, que os índios tenham o direito à terra que tradicionalmente ocupam. Só imbecis discordam disso. A questão é outra. Depois que Lula assumiu a Presidência, surgiu uma conversa diferente, sobre a existência de uma tal “nação indígena” do Cone Sul. Articulados com a turma do MST, acobertados pela Funai, grupos de índios começaram, desde 2004, a chegar do Paraguai. Fazendas antigas, com excelente exploração agropecuária, entraram na cobiça alheia. Advogados foram mobilizados para enfrentar a estranha ameaça ao território nacional.
Índios agrícolas

REAÇÃO A PLANO DOS EUA É DE CETICISMO
O Estado de S. Paulo

O primeiro dia útil após a divulgação dos detalhes do pacote americano para salvar o sistema financeiro foi marcado pelo ceticismo. As bolsas de valores tiveram perdas expressivas por causa da avaliação de que o plano será insuficiente para evitar que os Estados Unidos entrem em recessão. O G-7, grupo que reúne Japão, França, Canadá, Reino Unido, Itália e Alemanha, expressou solidariedade ao governo Bush, mas descartou medidas semelhantes em seus sistemas. O Congresso começou a discutir as medidas, mas parece andar em ritmo mais lento do que gostariam o secretário do Tesouro, Henry Paulson, e investidores. “É segunda-feira e as pessoas estão acordando depois de uma ressaca gigantesca, tentando entender o que vem a seguir”, disse John Schloegel, vice-presidente da Capital Cities Asset Management. “Há dor à frente para a economia e o consumidor.”
PAÍSES RICOS REJEITAM AJUDA GLOBAL A BANCOS


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