quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Observatório

Quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Destaques dos jornais de hoje. O que merece ser lido. Se você não tem paciência ou não teve tempo para ler as notícias nos principais jornais de hoje, clique nos links logo abaixo das matérias para lê-las no clipping do Ministério do Planejamento, sem que seja necessário que se cadastre. Publicaremos esta seleção todos os dias entre 19h00 e 21h00. Nos finais de semana os links com as matérias completas serão da Radiobras, que exige cadastro.

Dívida pública salta para R$ 1,2 trilhão

Monitor Mercantil

A dívida interna federal em títulos subiu 1,56%, em julho, para R$ 1,223 trilhão, em função da emissão líquida de R$ 6,1 bilhões em títulos, além da apropriação de juros de R$ 12,647 bilhões. Considerando as operações de swap cambial, a parcela da dívida atrelada à taxa Selic somou R$ 487,04 bilhões, em agosto, 39,82% do total. Esse percentual é superior ao do mês anterior, quando as dívidas corrigidas pela Selic representavam 39,66% do total. Em julho, a inflação medida pelo IPCA foi de 0,53%, enquanto o IGP-DI bateu em 1,12%. Para o consultor econômico da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, o fato de a dívida crescer acima da inflação ainda não a tornou explosiva: "Não é ainda, necessariamente, um quadro que vai piorar dramaticamente, como no passado. Ultimamente, os dólares estavam entrando e o Banco Central (BC) cria mais dívida para trocá-los, mas, com a crise externa, entrarão em ritmo mais lento", avalia o consultor, para quem o BC pode dar uma trégua no aumento da taxa básica (Selic) em função do cenário externo. Para ele, ainda não haveria risco de fuga de capitais porque a Selic continua muito alta: "As matrizes estão pedindo remessas, mas à medida que o dólar está subindo um pouco, fica mais caro fazê-las. É o lado bom do câmbio flutuante", comentou.
Dívida Pública
Paulson e Ben usam terrorismo para ajudar bancos
Monitor Mercantil

Congresso dos EUA resiste a aprovar pacote que deixa os mutuários de fora

Diante da forte rejeição do Congresso norte-americano a aprovar um pacote que beneficie apenas Wall Street, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, e o presidente do Federal Reserve (Fed) - o banco central dos EUA - Ben Bernanke, apelaram para o terrorismo econômico para tentar emparedar os parlamentares. Os dois voltaram ao Congresso para defenderem o socorro de US$ 700 bilhões ao setor financeiro. Pela manhã, Bernanke falou aos membro do Comitê Econômico Conjunto e, à tarde, ele e Paulson foram ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara. Identificados com o sistema financeiro, Bernanke e Paulson, agora, apelam à classe trabalhadora do país para apoiar a proposta do governo, alegando que a crise financeira vai afetar a vida de todos os cidadãos comuns. "Isso vai ter efeitos reais sobre as pessoas no nível dos "que comem marmitas"", disse Bernanke aos membros do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara. Ele insinuou que, se o governo não conseguir aprovar o pacote, o país correria o risco de ter uma taxa de desemprego maior e uma recessão prolongada.
Paulson, terrorismo e bancos

Importa, sim
Carlos Chagas
Tribuna da Imprensa

Nas Nações Unidas, ironicamente homenageado pela Interpress, organismo empenhado em congregar a mídia internacional, perpetrou o presidente Lula uma das mais hediondas ofensas à imprensa. E não foi numa daquelas entrevistas-relâmpago onde costuma extrapolar do bom senso e da gramática. Foi do púlpito, em discurso formal. Disse o presidente que nem se importa quando a imprensa fala bem ou fala mal dele. Trata-se de uma heresia. Mais ainda, da revelação do inconsciente presidencial. Porque só se exprime assim quem realmente sente-se incomodado quando falam mal a seu respeito. Como aceitar que alguém não se incomode em estar sendo elogiado ou criticado pelos jornais, revistas, rádios e televisões? Nem o jacaré tem couro tão grosso assim. Apesar de todos os defeitos, vícios e exageros dos meios de comunicação, é através deles que os governos chegam à opinião pública. Enaltecendo ou verberando governantes. Caso não se importasse com a forma de como é tratado pela mídia, Lula não manteria essa bem montada estrutura de comunicação social ou, muito menos, teria autorizado a criação da TV Brasil, de resto elogiável pelo trabalho apresentado. Mais lamentável na afirmação do presidente foi ter sido feita diante de representantes da imprensa mundial, obrigando-os a engolir em seco a declaração. Teve mais, no entanto. Ainda nas Nações Unidas, cercado por microfones, câmeras e gravadores embolados, diante da indagação sobre os resultados das últimas pesquisas que elevaram ainda mais sua popularidade, completou o chefe do governo: "Não me abalo com pesquisas, nem quando estão baixas, nem quando em cima, pois retratam o momento em que se tirou a fotografia...". Pois é. As pesquisas podem ser falhas, distorcidas e, não raro, fajutas. Mas haverá um momento em que, acima e além delas, a fotografia se tornará definitiva. No caso, no dia das eleições. Pelo jeito, Sua Excelência também não se abalará, com votos dados para cima ou para baixo...
Carlos Chagas

Einstein, Roosevelt, Hoover e a bomba
Argemiro Ferreira
Tribuna da Imprensa

A referência de Helio Fernandes, em sua coluna de ontem, ao cientista Albert Einstein e à construção da bomba atômica sugere revisitar uma questão histórica paradoxal. Einstein, como observou o jornalista, não participou da construção da bomba e mais tarde, em 1945, envolveu-se apaixonadamente no esforço dos cientistas para impedir que ela fosse usada contra o Japão. O paradoxo é que a bomba foi construída, em parte, devido à intervenção pessoal dele junto ao presidente Franklin Roosevelt. Ainda na Alemanha, Einstein tornara-se celebridade internacional em 1919. Sua teoria geral da relatividade fora validada então, durante um eclipse solar. Libertário, meio anarquista, próximo a grupos comunistas e muito corajoso, ele também era definitivamente pacifista e duro crítico das guerras. Ao perceber o rumo que a Alemanha tomava, Einstein - como outros cientistas - decidiu emigrar para os EUA, onde o Departamento de Estado já tinha recebido, em 1932, uma carta de 16 páginas, de um grupo de "mulheres patriotas", recomendando não ser autorizada a entrada dele no país. "Nem o próprio Stalin", dizia a carta, era filiado a tantas "organizações anarco-comunistas".
O temor à superarma nazista
A carta "patriótica" tornou-se o primeiro documento da pasta aberta pelo Bureau Federal de Investigações (FBI) sobre Einstein, vigiado nos 22 anos seguintes. Em 1933, quando Hitler chegou ao poder, ele viajou para os EUA e se integrou ao Institute of Advanced Studies, da Universidade de Princeton, Nova Jersey. Outro que resolvera fugir da Alemanha em 1933, Leo Szilard, escolheu a Grã Bretanha. Preocupado com o avanço das pesquisas sobre fissão nuclear (e reação em cadeia), o húngaro Szilard, amigo de Einstein, alertou os brtânicos para o risco de cientistas serem usados na Alemanha para fazer a bomba. Em 1938, acreditando não haver receptividade na Inglaterra para a idéia de se antecipar aos alemães, Szilard aceitou convite para trabalhar na Universidade de Columbia, em Nova York, com Enrico Fermi. Como ele e Fermi, outros cientistas familiarizados com o assunto achavam que era preciso levar aquela preocupação sobre o risco de uma bomba atômica alemã ao próprio presidente Franklin Roosevelt. Szilard conseguiu convencer Einstein a assinar uma carta, cujo teor discutiu com Alexander Sachs, financista fascinado pelos físicos atômicos, além de amigo e conselheiro econômico de Roosevelt. A carta foi redigida com a ajuda de Sachs, que antes passara algum tempo buscando familiarizar Roosevelt com o tema, convencendo-o sobre a hipótese de ser desenvolvida a arma nuclear. Quando a carta, escrita a 2 de agosto de 1939, foi afinal entregue a Roosevelt por Sachs a 11 de outubro, o presidente já sabia algo sobre a fissão do urânio e estava consciente do grave perigo de uma bomba alemã.
Argemiro Ferreira

Paes firme no Rio e Lula voa para 2014
Pedro do Coutto
Tribuna da Imprensa

Na semana passada, as últimas pesquisas do Ibope e Datafolha divulgadas nos jornais com poucos dias de diferença uma da outra revelaram que Eduardo Paes consolidou-se para prefeito do Rio nas urnas de outubro deste ano, enquanto o presidente Lula decolou vôo para retornar ao Palácio do Planalto na sucessão de 2014.
Vamos por partes. O levantamento do Ibope sobre as intenções de voto para a prefeitura carioca, publicado sábado, confirmou plenamente o realizado pelo Datafolha: o candidato do PMDB subiu 8 escalas em relação a quinze dias atrás, atingindo 27 por cento. Marcelo Crivela estacionou em segundo lugar, com 23, os demais ficaram muito distantes. Segundo turno entre Paes e Crivela, com ampla vantagem para o primeiro. O quadro parece irreversível, já que a pesquisa foi feita no momento em que o horário de propaganda na televisão completava três semanas.
Pedro do Coutto



Idosos bancam maior parte da renda familiar
Tribuna da Imprensa

Em 53% dos domicílios do País, mais da metade da renda era fornecida por idosos em 2007, revela a Síntese de Indicadores Sociais do IBGE. Dez anos antes, o percentual era de 47,2%. Na área rural do País, o mesmo nível de contribuição das pessoas com 60 anos ou mais no orçamento familiar chegou a 67,3% dos domicílios em 2007, no caso do Nordeste rural, a 73%. "Numa sociedade em que a população vem envelhecendo rapidamente, é de notar que a parcela mais idosa tenha dose de contribuição maior. A política de aumento do salário mínimo não só ajuda para o aumento da renda familiar em geral, como em especial para esta camada da população, que depende principalmente da aposentadoria", disse o presidente do IBGE, Eduardo Nunes. A análise do crescimento relativo da população por grupos de idade entre 1997-2007, mostra um incremento de 65% na faixa de 80 anos ou mais. A população brasileira apresentou crescimento de 21,6% no período, e na faixa de 60 anos ou mais o aumento foi de 47,8%.
Idosos bancam renda da família

Roleta russa
Mauro Braga/Fato do Dia
Tribuna da Imprensa

Enquanto o cidadão brasileiro vive reclamando do calvário que enfrenta diariamente para sobreviver com o mínimo de dignidade, os políticos mantêm suas linhas de ação. Inflamados durante as campanhas e morosos após a conquista das cadeiras parlamentares. Se quando ainda são candidatos sobem aos palanques apoiados em promessas de mudanças, quando eleitos usam das mesmas para se desculpar, afirmando que uma hora a coisa muda. E nisso põe ano, entra e sai de gestores e muitas vidas crucificadas pela abandono. Seja pela falta de segurança pública, nas carências de recursos na educação ou ainda pelo estado crítico e quase terminal dos hospitais públicos. Como promessa não traz solução, o contribuinte praticamente tem sua cabeça exposta ao cano de uma arma para brincar de roleta russa. Metáforas à parte, esta semana mais um retrato da inoperância das autoridades. Vânia Jacinta, de 41 anos, que sofria de obesidade mórbida, aguardava na fila para ser operada no Distrito Federal. A dona Morte foi impaciente e levou-a. Também, a espera já durava, pasmem, 8 anos. Assim que nem Vânia, outras 650 esperam na fila da operação. Há três meses, o governo prometeu credenciar mais uma instituição para reduzir a espera, já que na região somente um hospital universitário realiza tais procedimentos. Mas, como era de se esperar, nada foi feito. O tempo deve ter uma outra conotação para tais irresponsáveis. Aos pacientes, só resta torcer para não ser "sorteado".
Fato do Dia

Ari Cunha - Economia em perigo
Correio Braziliense


Economia dos Estados Unidos cria perigo para todo o universo. As dívidas de empresas imobiliárias chegam aos bilhões de dólares. Somando as dificuldades do mundo, pode-se atingir ao montante de trilhões de dólares em socorro aos necessitados. O Tesouro dos Estados Unidos procura resolver a aflição. Créditos são solicitados ao Congresso. A solidariedade do Legislativo é maioria para o governo. Há reticências nas definições. O tempo se alonga e o mundo sofre. Na ONU, o assunto não foi tratado pelo presidente Bush. O fato chamou a atenção de outros países, que não se julgam responsáveis se o dinheiro americano será aplicado em guerras ou em favor de empresas derrotadas. O capital mundial é comandado pelas donas-de-casa, entre as quais o assunto não está recebendo simpatias. O mundo treme. O pior pode acontecer. O capitalismo em dificuldades. Se cabe aos pobres contribuintes salvar os ricos perdulários, a coisa muda. Há expectativa e apreensão. Faz algum tempo que a ameaça está presente, mas agora começa ser aceso o pavio da bomba. A salvação da humanidade é economia que atenda também aos pobres, não aos ricos portentosos e confiantes. O mundo não espera milagre, mas vive a expectativa de que o bom senso poderá salvar os que não enganam os outros.
Ari Cunha - Economia em perigo

Brasil S.A - O bicho vem aí
Correio Braziliense

Crise se aproxima, BC reage, e pioram cenários do câmbio. Prevê-se até R$ 2,30 a R$ 2,70 em 2009


O dólar sobe, o dólar desce. Na terça-feira subiu muito, sem que o Banco Central aparecesse com os leilões de moeda, reintroduzidos na sexta-feira para desentupir o processo de formação do preço do dólar, ora controlado pela banca por meio de operações no mercado futuro de câmbio da BM&F. Como não há escassez de divisas no país e o BC sacou os leilões de dólares para dissuadir a especulação, apostar contra o real se tornou um jogo arriscado. Não é com tais movimentos que o país deve preocupar-se. Um BC sem receio de atropelar jogadas especulativas do mercado pode proteger a harmonia cambial. No meio empresarial, há quem festeje o dólar valorizado desse jeito, na presunção de que ajude as exportações. Trata-se de um grave equívoco. As oscilações cambiais em mercados futuros são uma via de mão dupla, valendo aquela que na hora seja a mais lucrativa para o jogador. Agora, é investir contra o real.
Brasil S.A - O bicho vem aí

Brasília-DF - Mais confusão
Correio Braziliense

No desespero de virar votos nesses oito dias que faltam para o encerramento das campanhas municipais, aumentou o grau de exibição de imagens do presidente Lula pelos candidatos do PT. E, de quebra, o número de ações judiciais a que os petistas dão entrada na Justiça a fim de evitar o uso de uma palavra ou foto de Lula pelos partidos aliados ao governo. O quadro se acirrou, por exemplo, em Rio Branco, no Acre, onde três deputados da base aliada ficaram furiosos. Juntando o PMDB do Rio com outros irritados espalhados pelo país afora, é bom o governo reforçar o estoque de chá de camomila para quem retornará ao Congresso daqui a duas semanas.
Brasília-DF - Mais confusão

Exército ocupa mais duas comunidades
Correio Braziliense

Cerca de mil homens do Exército ocuparam na manhã de ontem as comunidades de Lixão e Gramacho, em Duque de Caxias, no Rio. É a primeira vez que as tropas da Operação Guanabara de combate a crimes eleitorais, atuam na Baixada Fluminense, desde o início das ações, no último dia 11. De acordo com o porta-voz da operação, coronel André Novaes, a ocupação foi feita pela 4ª Brigada de Infantaria de Montanha, com soldados de Juiz de Fora, Minas Gerais, e Petrópolis, Rio de Janeiro. Segundo ele, não houve resistência de criminosos à chegada das tropas. “Não foi registrado nenhum incidente. Chegamos, não houve resistência. Já estamos ocupando todas as posições previstas”, afirmou Novaes.
Exército ocupa mais duas comunidades

BC ENTRA EM CAMPO
Vicente Nunes
Correio Braziliense

Diante da crise, Banco Central adota postura preventiva e injeta R$ 13 bilhões no mercado brasileiro

Diante dos sinais evidentes de dificuldades de bancos de pequeno e médio portes para se financiarem no mercado interno e do fechamento das linhas de empréstimos vindas do exterior, o Banco Central decidiu injetar R$ 13,2 bilhões no sistema financeiro nacional. O dinheiro sairá dos depósitos que os bancos são obrigados a fazer junto ao BC. Serão beneficiadas 23 instituições, entre elas os bancos Sofisa, Daycoval, Pine, Cruzeiro do Sul e ABC Brasil, com forte atuação no crédito consignado e no financiamento de veículos, além do francês Credit Suisse.
ASSISTÊNCIA DE R$ 13 BI PARA BANCOS

Bancários ameaçam parar na terça
Correio Braziliense

O Comando Nacional dos Bancários rejeitou a proposta de reajuste de 7,5% apresentada de forma conjunta pelos bancos. Com a recusa, o Comando dos Bancários orienta os sindicatos a realizarem assembléias nesta quinta, amanhã e na segunda-feira para rejeitar a proposta e aprovar a greve de 24 horas na terça-feira em todas as agências do país. A categoria reivindica aumento de 13,23%, que corresponde à inflação e a um ganho real de 5%. Também querem vale-alimentação, auxílio-creche de R$ 415 e vale-refeição de R$ 17,50 por dia e participação nos lucros e resultados.
Bancários ameaçam parar na terça

Câmara vai refazer prova
Letícia Nobre
Correio Braziliense

Será divulgado em outubro o novo edital de convocação para segunda fase do concurso da Câmara dos Deputados para três cargos de analista legislativo. Mais de 600 candidatos aos postos técnico em comunicação social (divulgação institucional, imprensa escrita e tevê), aprovados na primeira fase, deverão se apresentar para refazer a prova prática. Juntos, os postos representam cinco vagas com salários de R$ 9.008,12 com as gratificações. No final de julho, o juiz federal Alexandre Vidigal de Oliveira, da 20ª Vara no Distrito Federal, anulou a segunda avaliação dessas áreas, mas não determinou até quando os novos testes deveriam ser aplicados. O mesmo magistrado completou a decisão nesta semana, estipulando prazo de 90 dias para que a Câmara e a Fundação Carlos Chagas (FCC) divulguem e cumpram o novo cronograma. No edital deverão constar detalhes dos critérios de pontuação e avaliação, principal reclamação nos processos que levaram à anulação.
Câmara vai refazer prova

Do tamanho do homem
Artigo - Dad Squarisi
Correio Braziliense

“Esta não é uma cidade do tamanho do homem”, disse o professor de filosofia da Universidade de Hidelberg que visitava Brasília. Ele estava no alto da torre de televisão. Há 40 anos, a paisagem que via era muito diferente da de hoje. Só a Asa Sul estava com as obras avançadas. A W3 exibia o melhor comércio da cidade, havia superquadras completas, carros circulavam pelo Eixão e eixinhos. A Esplanada dos Ministérios e o complexo da Praça dos Três Poderes exibiam-se na feição atual. A Asa Norte se restringia à UnB e arredores. Os lagos pareciam o faroeste americano. Quando o alemão definiu a capital do Brasil, as pessoas que o acompanhavam automaticamente olharam pra baixo. Poucos pedestres, pequenos como formiguinhas, circulavam pelas calçadas quentes e empoeiradas. Eram minúsculos e invisíveis seres perdidos entre prédios de concreto que dominavam a paisagem. Mas a pequena comitiva que acompanhava o visitante tinha uma certeza — urbanizada, a cidade se humanizaria. Era questão de tempo.
Do tamanho do homem

Clóvis Rossi - O BC piscou
Folha de S. Paulo

O Banco Central piscou. É uma interpretação possível (ou inevitável?) ante a decisão da autoridade monetária de liberar recursos para os bancos emprestarem, ao reduzir os compulsórios, ainda que pontualmente. Claro que é apenas uma piscadela, bastante modesta. Mas é o primeiro movimento das autoridades no sentido de aceitar que não há ou não é para sempre o descasamento entre a crise brutal do mundo rico e a tranqüilidade, até agora, nos países emergentes (tranqüilidade, ressalve-se, na economia real, não nos mercados financeiros). É bom fazer outra ressalva: por um problema, digamos, genético, o sistema bancário brasileiro não entrou na trilha da aventura que levou ao colapso as financeiras norte-americanas. Digo problema genético porque muitos anos de inflação desbocada tornaram tomar crédito um risco que pouca gente se animava a correr. E o empresariado preferia (ainda prefere) recorrer mais ao BNDE (depois BNDES) que ao setor privado. De todo modo, a decisão do BC é um primeiro sinal de que a secura do crédito já não é uma questão a ser levantada apenas ante o presidente Bush, como pretende Lula, mas diz respeito também às autoridades brasileiras.
Clóvis Rossi - O BC piscou

Governo estuda doar 4% da Amazônia a posseiros

MARTA SALOMON
Folha de S. Paulo

Se aprovado, projeto beneficiará quase 284 mil atuais ocupantes de terras de até 4 km2

Pesquisador do Imazon diz que, ao doar terras, União abriria mão de patrimônio de R$ 2,1 bi, mesmo sem considerar valor de mercado. O governo estuda a doação de terras da União de até 4 km2 hoje ocupadas por posseiros na Amazônia Legal. O "rito sumário" de regularização fundiária, caso aprovado, beneficiará quase 284 mil posseiros e alcançará uma área equivalente a 4% de toda a Amazônia, ou pouco mais de duas vezes o Estado de Pernambuco, segundo cálculo do Ministério do Desenvolvimento Agrário. A proposta foi apresentada ao presidente Lula duas semanas atrás, com o apoio de ministros e governadores. Lula deu prazo até novembro para definir mudanças nas regras de titulação de terras. A regularização fundiária é a prioridade do PAS (Plano Amazônia Sustentável). Embora a grilagem de terras na região seja um problema com dimensões muito maiores, o alvo da regularização fundiária é, por ora, um território de quase três vezes o Estado de São Paulo ou 13% da Amazônia Legal, constituído por terras da União ainda não destinadas a unidades de conservação ou a terras indígenas, por exemplo. De acordo com a proposta em análise na Casa Civil, as novas regras permitiriam regularizar em dois anos, já a partir de 2009, todas as posses de até quatro módulos fiscais (entre dois e quatro quilômetros quadrados, dependendo da cidade) localizadas em 436 municípios de nove Estados da Amazônia Legal. Pará, Amazonas e Rondônia são os Estados com o maior número de posseiros ocupando terras da União.
União cogita doar terras a posseiros na Amazônia

Jânio de Freitas - Comparações inúteis
Folha de S. Paulo

A crise financeira é uma bomba sobre a humanidade; a de hoje e, pelos retrocessos impostos, a de amanhã

Na sucessão de estimativas e revisões do que chama de "custo da crise financeira", o FMI lançou ontem a cifra de US$ 1,3 trilhão. Parece um valor atualizado. É só uma falsidade a mais lançada pelo Fundo em seu mais de meio século de verdades falsas. A face menor da falsidade, quase insignificante em comparação com a maior, está em que "o custo" apresentado não é custo nem para as fontes de "custo" tomadas pelo FMI para sua estimativa. É só a perda financeira dos bancos e outras entidades com a crise, nos Estados Unidos e, em menor número, na Europa. Não é difícil entender que as atenções do FMI se concentrem nesse tipo de perda: sua história está toda voltada para os interesses desses capitais, por intermédio de políticas, programas, receituários urgentes e exigências estrangulantes em favor dos créditos e juros em seu próprio interesse.
Jânio de Freitas - Comparações inúteis


Mercado Aberto - BC pode ampliar pacote de bondades
Folha de S. Paulo

Numa demonstração de que o Brasil também foi atingido pela crise global, apesar de o governo até pouco tempo dizer que o país não seria afetado, o Banco Central adotou ontem uma série de medidas para dar mais liquidez ao sistema financeiro. O objetivo foi ajudar principalmente os bancos pequenos e médios, que estavam com dificuldades de atender às necessidades de crédito das empresas. O Banco Central considera o montante de recursos a ser injetado no mercado com as medidas de ontem, um total de R$ 13 bilhões, suficiente para atender as necessidades dos bancos. Se for preciso um alívio maior, no entanto, o Banco Central está pronto para adotar mais medidas nessa mesma direção. A preocupação do Banco Central é fazer com que os mercados funcionem normalmente. A restrição ao crédito estava provocando algumas distorções no mercado, principalmente na formação de alguns preços. Na semana passada, por exemplo, o dólar chegou a bater quase R$ 2 apenas por terem evaporado as linhas de crédito externas e não por um movimento normal de oferta e procura da moeda.
Mercado Aberto - BC pode ampliar pacote de bondades

Mónica Bérgamo - Fogueira
Folha de S. Paulo

O próximo índice de desmatamento que será divulgado pelo Inpe na segunda não trará boas notícias. Ainda sem números oficiais, o próprio ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente, diz que não se repetiu, no mês de agosto, a queda de 68% verificada em julho em relação ao mesmo mês do ano passado. "Estão queimando tudo na Amazônia", diz Minc.
EXTINTOR
E no próximo mês Minc anuncia a criação do primeiro parque fluvial brasileiro, o do rio São Francisco. A iniciativa prevê que agricultores e pequenos proprietários de terras sejam remunerados pelo governo para reflorestar uma área de cem quilômetros. O investimento será de R$ 65 milhões. A meta, segundo o ministro, é "replantar 20 milhões de árvores nativas e frutíferas".
HEROÍNA
Marta Suplicy já comprou ingressos para o show de Madonna. A cantora é seu maior ídolo, segundo a ex-prefeita revelou na sabatina da Folha ontem.
RÉGUA
As pesquisas internas do PT mostram que Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Gilberto Kassab (DEM-SP) continuam disputando voto a voto quem vai para o segundo turno contra Marta. Os ataques de Alckmin, de acordo com essas sondagens, continuam estancando a subida de Kassab nas pesquisas.
QUERIDO SERRA
Ainda sem saber quem será seu adversário, Marta deve continuar poupando José Serra (PSDB-SP) de ataques mais agressivos. "Pelo menos por enquanto", segundo um dos coordenadores da campanha.
CANCELA
Enquanto o prefeito Gilberto Kassab (DEM-SP) diz que recuou da adoção do pedágio urbano em São Paulo, o vereador Carlos Apolinário, líder do DEM na Câmara e da "tropa de choque" do prefeito, apresentou ontem um projeto instituindo a cobrança. O texto prevê que o pedágio seja implantado no centro expandido, hoje sujeito ao rodízio de veículos.
Mónica Bérgamo - Fogueira

Painel - "Ele me procurou"
Folha de S. Paulo

Orestes Quércia contratou advogado para processar Geraldo Alckmin por calúnia e difamação. O motivo é a declaração do tucano, feita anteontem na sabatina da Folha, de que o peemedebista "quebrou o Estado de São Paulo" quando governador. Sobre o fato de Alckmin ter afirmado que "nunca" buscou seu apoio, Quércia é taxativo: "Mentira. Ele me procurou". O primeiro passo, no relato de Quércia, foi um telefonema do próprio candidato. O segundo, visita de Quércia ao tucano. O terceiro, visita de José Aníbal a Quércia, na qual o líder do PSDB na Câmara dizia falar em nome de Alckmin. Quércia acabou fechando com Gilberto Kassab (DEM).
Rebote
Segundo Quércia, mesmo depois de formalizada sua aliança com Kassab, um representante da campanha de Alckmin chamado Gustavo Ribeiro, conhecido de longa data do ex-governador, procurou-o na época em que o prefeito ainda patinava nas pesquisas em busca de apoio ao tucano no segundo turno.
É mesmo?
José Aníbal chamou Clóvis Carvalho de "insignificante". Aécio Neves, sem citar o nome, de personagem "menor". E, no entanto, há três dias a guerra civil tucana gira em torno das críticas do secretário municipal de Governo a Geraldo Alckmin.
In
Além do surfe na popularidade de Lula, está na moda pegar onda na carnificina dos tucanos paulistas. Aécio se destaca nesta especialidade.
Linha auxiliar
No início do horário eleitoral, o nanico Ciro Moura (PTC) ainda disfarçava com uma outra crítica à gestão de Gilberto Kassab. Agora, seu minuto de programa é inteiramente dedicado a desancar Marta e Alckmin.
Ficha
Promotora que pediu a cassação do candidato João da Costa, Andrea Nunes é pedra antiga no sapato do PT em Recife. Propôs ação contra um show da prefeitura com Sandy e Júnior ao custo de R$ 480 mil. Já a desembargadora Margarida Cantarelli, que derrubou o sigilo da ação judicial, foi candidata a senadora pelo antigo PFL nos anos 80.
Combustível
Depois da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o maior arroz de festa dos palanques petistas na campanha deste ano é José Sergio Gabrielli. Ontem à noite, o presidente da Petrobras participaria de evento eleitoral no município baiano de Alagoinhas, onde a estatal tem vários negócios.
Painel - "Ele me procurou"

"Deus mercado virou diabo", diz economista
MAIR PENA NETO
Folha de S. Paulo

Para Maria da Conceição Tavares, neoliberalismo sofreu "golpe mortal" e agora interessa ao capitalismo a auto-regulação

Economista diz que Brasil "ainda não está ameaçado", pois bancos não estão "metidos em especulação" e não há dívida externa. Os Estados Unidos precisam regular, e rápido, o seu sistema financeiro sob pena de não conseguirem controlar a atual crise e perderem sua hegemonia no setor, advertiu a economista Maria da Conceição Tavares em entrevista à Reuters. Estabelecer as regras do jogo é a questão-chave para estabilizar o mercado, na opinião da professora da UFRJ e da Unicamp, uma das principais vozes da economia brasileira desde a década de 1970. Mas seria interesse do capitalismo se regular? A economista avalia que, no momento, sim, pois o modelo neoliberal naufragou. "O Deus mercado virou diabo na terra do gelo." A economista vê sinais de declínio dos EUA até pelo fato de o país não estar mais sozinho, como na crise de 1929, e ter que se entender com a China. "Não escreveria hoje, como escrevi em 1984, a retomada da hegemonia americana. Ou resolvem rápido essa crise ou, se deixarem para depois da eleição, não conseguem manter a hegemonia", afirmou Conceição, para emendar, taxativa: "O século 21 não será norte-americano". Leia, a seguir, mais opiniões da economista.
BANCOS
O Brasil ainda não está ameaçado. Os bancos brasileiros não estão metidos nessa ciranda. Há uma supervisão muito grande do Banco Central. Mesmo os derivativos a BM&F registra. Não tem controle de capitais, mas tem registro, o que significa que, se você quiser controlar, tem os instrumentos. As condições favoráveis do Brasil são as seguintes: bancos privados não estão metidos nessa especulação; não temos dívida externa pública; temos reservas; o problema de balanço de pagamentos é pequeno; o impacto das commodities não dá para perceber e somos muito abertos ao mundo. Temos mais comércio com a Argentina do que com os EUA. Los hermanos são mais importantes que o big brother.
ECONOMIA REAL
A crise não está na economia real. Só na Europa e no Japão, onde a ligação entre bancos e a economia real é mais forte. No caso americano, não. Há um setor da economia real americana que já começou a decadência, e por aí virá uma recessão, que é o imobiliário. Esse não tem saída. No ciclo recente, o setor que primeiro puxa a economia americana é o imobiliário, depois automóveis, os duráveis e, finalmente, o investimento. Ainda não está claro se serão afetados. O investimento das empresas depende do que vai acontecer com a Bolsa. Se ela continuar oscilando, mas não tiver uma depressão, sobrevive.
"Deus mercado virou diabo", diz economista

A crise dá as caras por aqui
Artigo - Vinícius Torres Freire
Folha de S. Paulo

Seca de crédito mundial afeta pouco o investimento de empresas, mas dificultou a vida de bancos pequenos

A seca mundial de crédito deu as caras no Brasil. Mas com cara de quê? O Banco Central resolveu ontem, na prática, deixar mais dinheiro livre para a operação de bancos menores, duas dúzias deles, ao menos. Menos financiamento externo, maior disputa por fundos domésticos, alta de juros básicos na praça e no BC, tudo isso contribui para dificultar a vida de bancos menores. Seus custos (o do dinheiro) sobem, as alternativas de captação escasseiam e as margens de ganho podem diminuir, assim como o volume de negócios. Mas, fora do Banco Central e dos próprios bancos, fica difícil saber onde o sapato agora menor do crédito aperta mais. Mas economistas e operadores mais ponderados mostram os dados e dizem que o crédito externo não é fonte relevante de recursos para o investimento no Brasil. Não há relação imediata e significativa da crise com o volume de crédito disponível para empresas. De resto, a redução do crédito externo para o Brasil não começou na semana passada. Alexandre Schwartsman, economista do Santander, observa, com base no balanço de pagamentos, que o crédito começou a murchar entre outubro de 2007 e março deste ano, a depender do tipo de operação, sendo o caso mais drástico o dos empréstimos de longo prazo, que em agosto passado caíram para um terço do que eram em setembro de 2007 (no acumulado de 12 meses).
A crise dá as caras por aqui

Brics podem indicar saída para atoleiro

JIM O'NEILL ESPECIAL PARA O "FINANCIAL TIMES"
Folha de S. Paulo

A despeito da magnitude dos desafios atuais, se já houve um bom momento para que os Estados Unidos e o mundo enfrentassem as notáveis dificuldades que vivemos, é este. E isso porque o consumo dos principais países de mercado emergente Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) parece capaz de compensar a desaceleração nos Estados Unidos. Um grande volume de demanda mundial continua a ser criado pelos Brics. Isso é especialmente válido no que tange à China, que em agosto viu uma aceleração de 15,9% nas vendas do varejo, já considerada a inflação. Os consumidores chineses estão contribuindo mais para o PIB (Produto Interno Bruto) mundial do que os infames consumidores dos Estados Unidos. Enquanto isso, o Brasil registrou crescimento muito mais forte que o esperado em seu PIB, no trimestre passado, com 6,1%.
Brics podem indicar saída para atoleiro

Comprar é um ato político
Artigo - Plínio Fraga
Folha de S. Paulo

Diz o "Houaiss" que o capitão Charles C. Boycott (1832-1897), um rico proprietário irlandês, no outono de 1880, recusando-se a baixar o preço que cobrava pelo arrendamento de suas terras, foi vítima de represália, tendo os agricultores da época se articulado para não negociar com ele. Daí a palavra boicote.
Quase 130 anos depois, o termo em inglês "boycott" ganhou uma espécie de antônimo, o "buycott". Numa livre tradução seria a compra orientada de produtos. Em visita ao Rio para participar de um seminário acadêmico, a pesquisadora Michele Micheletti, da Karlstad University, na Suécia, defendeu que o ato de consumo pode se transformar em ativismo político. Segundo ela, a falta de uma regulamentação global transferiu para os consumidores parte da responsabilidade sobre o mercado.
Comprar é um ato político

Fundos da infância e a moralidade pública
Artigo - Fernando Henrique de Moraes Araújo
Folha de S. Paulo

O dinheiro doado aos fundos da criança não é mais particular e deve ser regido pelos princípios norteadores da administração pública

O CONANDA (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) em breve decidirá se aprova resolução permitindo ou negando, expressamente, viabilidade às conhecidas "doações casadas ou vinculadas" ou o "direcionamento de recursos destinados aos fundos das crianças e dos adolescentes". O tema já foi objeto de análise neste espaço em artigo de Francisco de Assis Azevedo ("Em briga de touros, quem morre é o sapo", 13/8), tendo o autor concluído que "as doações casadas" são eficazes, sugerindo o acolhimento no texto da futura resolução. Alegam os partidários das "doações casadas" que o ato de "doação" de recursos aos fundos da criança é um ato de "liberalidade da pessoa física e/ou jurídica", que, por isso, pode e deve decidir para qual entidade ou projeto deverá o conselho de direitos destinar referidos recursos -daí o porquê da denominação: "doação casada". Alguns conselhos de direitos (com destaque para São Paulo) e grupo formado por institutos, fundações e empresas (Gife) acreditam que a medida foi capaz, por exemplo, de ampliar os recursos destinados ao Fundo da Criança de São Paulo, passando de R$ 3 milhões em 2004 para R$ 40 milhões em 2007. Membros do Ministério Público dos Estados e da União, além do respeitável movimento de fóruns de direitos da criança e do adolescente (especialmente de São Paulo e Rio de Janeiro), buscam o respeito a princípios constitucionais: legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência, ou seja, o respeito ao interesse público -que, diga-se, deve(ria) sempre nortear todo e qualquer ato da administração pública. Surge a primeira questão: se pode a pessoa física ou jurídica decidir para qual entidade ou projeto deve ser destinado o dinheiro, para que foram criados e para que servem, afinal, os conselhos de direitos?
Fundos da infância e a moralidade pública

Ponto do Servidor - Aposentadoria especial
Coliuna - Maria Eugênia
Jornal de Brasília

Está em análise no Tribunal de Contas do DF (TCDF) um assunto espinhoso, que trata de estudos sobre a aposentadoria especial dos integrantes das carreiras da Policial Civil do Distrito, Federal, com base na Lei Complementar 51/85, após a regulamentação da Emenda Constitucional 41/03. O TCDF admitiu a aplicação da lei após o início de vigência da EC 20/98. Com isso, centenas de servidores, entre policiais e delegados, ingressaram com pedidos de aposentadoria, deferidos pela corporação. Ocorre que, além da aposentadoria integral com 30 anos de serviço, sendo 20 anos de atividade estritamente policial, esses servidores tiveram preservados o cálculo dos proventos com base na última remuneração da atividade e paridade em relação aos servidores ativos. Porém, a 4ª Inspetoria de Controle Externo do TCDF, responsável pela análise do assunto, concluiu pela possibilidade da aposentadoria especial após a regulamentação da EC 41/03, porém com cálculo e reajustamento dos proventos de acordo com as novas regras constitucionais, ou seja: apuração pela média das remunerações de contribuição e correção por índice definido em lei.

Paridade garantida pelo TCDF

Aliás, também sobre a EC 41/03, o Tribunal de Contas do Distrito Federal decidiu estender a todos servidores que ingressaram no serviço público local até 31/12/2003 (quando da publicação da Emenda Constitucional 41/03) e que foram aposentados por invalidez após essa data, o direito ao cálculo dos proventos da aposentadoria com base na última remuneração do cargo efetivo e paridade em relação aos servidores ativos. A decisão é polêmica, já que o Tribunal de Contas da União (TCU) tem posicionamento divergente. Para o TCU, após a EC 41/03, os servidores aposentados por invalidez devem ter proventos calculados pela média aritmética das remunerações de contribuição e reajustados por índice definido em lei, já que a emenda não excepcionalizou tal modalidade de inativação.

Problemas na Lei 11.784/08
Com a publicação da Lei 11.784, originária da Medida Provisória 431, a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público (Condsef) estuda uma estratégia para recuperar termos dos acordos que não foram contemplados no texto. Para a entidade, os problemas não resolvidos precisam e devem ser sanados. Aos servidores que recebiam complementação de salário mínimo, por exemplo, o governo aplicou as novas tabelas mantendo os antigos valores de Vencimento Básico (VB). Estranhamente, destaca a Condsef, a diferença foi transformada em VPNI, mas sobre esse valor não incidem benefícios aplicados ao VB, o que acaba por prejudicar esse grupo de servidores. O governo também não reconheceu pontuação mínima em 50 pontos para servidores ativos que devia acompanhar o valor fixado para os aposentados a partir
de 2009. Tais problemas comprometem os acordos firmados e prejudicam milhares de servidores.
Ponto do Servidor - Aposentadoria especial

Informe JB - O futuro prefeito é um velho profeta
Jornal do Brasil

O histórico debate entre os candidatos à prefeitura do Rio, promovido ontem no JB, mostrou o que todos os políticos tentam esconder do eleitor: ninguém tem plano para salvar a cidade. É a história que já conhecemos: o futuro prefeito é um velho profeta. Propõe mudanças e prevê resultados, satisfatórios pelas mãos dele, ou catastróficos pela missão de adversários. Num cenário de indefinições para o segundo turno, a tensão à flor da pele gerou momentos outrora impensáveis. Fernando Gabeira (PV) teve de responder pela gestão de Marcello Alencar (PSDB), porque, lembrou Jandira Feghali (PcdoB), as "alianças determinam as condições de gestão". Paulo Ramos disse que "estão comprando consciências", sobre os financiadores que ditam os discursos dos candidatos. De toda a cena, uma certeza: o próximo prefeito só pensará na cidade quando sentar no trono de Cesar.
Informe JB - O futuro prefeito é um velho profeta

Professor diz que houve perda de status com os estudantes
Márcio Falcão Karla Corrêa
Jornal do Brasil

Professor de Física de uma escola pública de ensino médio em Planaltina, cidade-satélite de Brasília, Renato Milleti atribui o aumento dos conflitos envolvendo alunos e professores em ambiente escolar a uma espécie de "perda de status" do profissional de educação na sociedade. Ao lado do desinteresse acadêmico demonstrado pelos estudantes, sobretudo os de 5ª à 8ª série, na visão dos professores, o ambiente de conflito nas escolas aparece como uma das principais reclamações dos docentes entrevistados no levantamento da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, Ciência e Cultura, mais a Fundação SM. ­ O profissional de educação está sem moral com o aluno ­ reclama Milleti. ­ Muito disso acontece porque o professor é visto como um quebra-galho, alguém que não conseguiu fazer mais nada na vida, e não como uma pessoa que estudou e é capacitada para transmitir conhecimento. Essa visão ficou no passado.
Professor diz que houve perda de status com os estudantes


Os bancos e a democracia
Coluna - Coisas da Política
Jornal do Brasil

"OS BANCOS SÃO ÚTEIS
para os depósitos e transferências, mas não vemos que os benefícios trazidos nestas atividades sejam tão grandes, a ponto de compensar os males que produzem, na artificiosa fundação da desigualdade da riqueza e, a partir disso, da igualmente artificiosa desigualdade do poder. Se o presente sistema expandir-se e perpetuar-se, a grande massa do povo trabalhador pode perder todas as esperanças de adquirir qualquer propriedade". Engana-se quem atribuir essa conclusão aos esquerdistas contemporâneos. Ela é o resultado de discussões havidas na Filadélfia, há 179 anos (março de 1829), por um grupo de cidadãos que se reuniu a fim de discutir o comportamento do Segundo Banco dos Estados Unidos, sob controle privado, que operava em todo o país, detinha todos os depósitos da União e era o emissor da moeda corrente. Em 1828, seu presidente, Nicholas Biddle, jogou todo seu poder para reeleger John Quincy Adams presidente dos Estados Unidos, e derrotar o general Andrew Jackson. Foi o primeiro embate entre os aristocratas da Nova Inglaterra e o povão. Jackson, filho de imigrantes pobres, que nascera depois da morte do pai, era, na opinião de seu oponente Quincy Adams, "a barbarian who could not write a sentence of grammar and could hardly speel is own name". Jackson, como Lincoln, era autodidata e, como ele, tinha dificuldades com a ortografia e a sintaxe. Como se sabe, o grande presidente ganhou a eleição e a batalha contra o banco. Sem um dos seus na Casa Branca, os elegantes gentlemen que controlavam o banco, embora resistissem da forma conhecida, com suborno e chicanas jurídicas, já haviam perdido o caminho. O presidente vetou a renovação antecipada de sua carta patente, confrontando-se com o Congresso, que a aprovara, e com a Suprema Corte. Para Jackson, como para Hamilton, o sistema financeiro é uma máquina política que deve estar sob a estrita vigilância do poder. Jackson, com sua dificuldade em soletrar o próprio nome, viera para arrombar a História, como costumam fazer os pobres. Sua democracia era radical na busca da igualdade de direitos entre pobres e ricos. Em parte, ela retornava aos fundamentos jefersonianos, e, em parte, avançava para construir uma democracia de massas. Entre os membros daquela comissão, certeira na análise do sistema bancário, encontravam-se dois economistas, alguns intelectuais e políticos, renomados jornalistas e dois dirigentes sindicais (já existia forte movimento de artesãos e empregados): William English e James Ronaldson. A cassação da licença para o banco provocou, inicialmente, crise de crédito que depois redundou em vantagem histórica.
Os bancos e a democracia

Quando a crise chegar, se chegar
Artigo - José Dirceu
Jornal do Brasil

O que importa saber é quais os efeitos, no Brasil, da crise norte-americana, que já atingiu a Europa e o Japão. É preciso destacar que, apesar da gravidade da crise em nível internacional, o comércio e o crescimento mundiais não dependem só dos países do G-7. A China terá enorme influência no desenvolvimento da economia, assim como os preços das commodities e, particularmente, o comportamento dos juros, ou seja, se vão ser mantidos no nível dos 6% atuais ou cair, o que se espera, para o patamar anterior de 2% ou 3%. Ao contrário do cenário da crise de 1929, quando se adotaram medidas de contração da economia que levaram ao desemprego e à grande depressão, hoje os governos estão implementando providências para garantir o funcionamento do mercado e salvar o sistema financeiro. A crise atual é filha das crises que já anunciavam o inevitável: a 2ª feira negra de 1997, a quebra do Hedge Fund LTCM e a crise asiática de 1997-99, que, inclusive, arrastou o Brasil. Naquela época, não se adotou nenhuma medida para controlar as novas formas de alavancagem financeira e de especulação e nada foi feito para avaliar os efeitos e conseqüências do papel dos bancos de investimentos e hedges funds. A verdade é que os Estados Unidos viveram 25 anos de crédito farto e livre especulação, sem regulação e fiscalização, como se o mercado bastasse a si mesmo.
Quando a crise chegar, se chegar

Sônia Racy - Os bancos e o buraco-verão
O Estado de S. Paulo

Além da crise mundial, há outro assunto preocupando a Febraban: a intensificação de ações contra o sistema financeiro na busca de uma compensação pelo Plano Verão. Os números e o volume impressionam. Mas há uma explicação: no fim do ano, prescreve a chance que as pessoas têm de buscar essa correção. “O ressarcimento está levando a um desbalanceamento econômico que não existia”, ressalta Fábio Barbosa, presidente da entidade. or que? “É certo que as pessoas não receberam correção monetária, mas se esquecem que tampouco os bancos receberam correção dos seus ativos. Isto é, não recebemos e não pagamos”, explica. A Justiça, por exemplo, não está pedindo aos mutuários que paguem agora a correção da prestação da casa própria. O fato é que, com a Justiça mexendo nessa equação, a conta não fecha. “Os bancos não ficaram com este ganho.”
Sônia Racy - Os bancos e o buraco-verão
Na escola, sem saber o bê-á-bá
Demétrio Weber
O Globo

Alta do dólar faz dívida federal subir
Henrique Gomes Batista
O Globo

Total aumentou 1,66% em agosto, de R$1,298 tri para R$1,319 tri
A forte desvalorização do real frente ao dólar - intensificada pela crise financeira global - já é percebida nos números da dívida pública federal, tanto em seu valor total como em seu custo. A Secretaria do Tesouro Nacional informou ontem que o total da dívida aumentou 1,66% em agosto em relação a julho. O valor passou de R$1,298 trilhão em julho para R$1,319 trilhão no mês passado. A parcela da dívida externa foi a que sofreu maior elevação: 3% sobre o mês anterior. O montante passou de R$93,5 bilhões para R$96,3 bilhões em agosto. Segundo o Tesouro, como em setembro o real se desvalorizou mais ante o dólar, esta parcela da dívida tende a ser ainda maior no balanço do mês, que será divulgado no fim de outubro. O Tesouro não deu resultados parciais para setembro.
Alta do dólar faz dívida federal subir

Novo Ipea dará suporte a Mangabeira
Gustavo Paul
O Globo

Pochmann afirma que estudos sobre defesa podem ter um "viés de inteligência"

Subordinado desde 2007 à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, chefiada pelo ministro Mangabeira Unger, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) vai ampliar sua área de atuação para dar sustentação técnica aos projetos da pasta e para se transformar numa espécie de banco de dados do governo federal. O novo escopo vai incorporar estudos nas áreas da defesa, meio ambiente e fortalecimento das instituições. E, pela primeira vez, haverá um setor voltado para área internacional.
- Temos de considerar nossa inserção na economia internacional, olhando o Brasil de dentro para fora e de fora para dentro. O Ipea é a única instituição que está compactuando com o planejamento de longo prazo, e vamos aumentar nosso enfoque nisso - disse Márcio Pochmann, presidente do Ipea.
Entre as missões, passará a constar a "contribuição para o planejamento do desenvolvimento brasileiro". Serão contratados por concurso 80 funcionários - 62 pesquisadores - , entre eles especialistas em relações internacionais, sustentabilidade ambiental e proteção social. Segundo Pochmann, historicamente o Ipea nunca destacou estudos sobre sustentabilidade ambiental, consolidação da democracia e fortalecimento do Estado.
Pochmann admitiu que os estudos na área da defesa podem ter um "viés de inteligência", referindo-se às análises geopolíticas do tema. Esse é um dos principais focos de Mangabeira, que prepara o Plano Nacional de Defesa.
Novo Ipea dará suporte a Mangabeira

Auto-de-fé
Artigo - Veríssimo
O Globo

O vocabulário dessa crise do capital financeiro é evocativo: as instituições falidas estão sendo "sanadas", livradas dos seus ativos "podres", "purgadas" das suas práticas espúrias, garantidas contra o "contágio" de um mercado doente... Poderíamos estar na Veneza do século XIII, ouvindo pregações contra o pecado da usura e seus efeitos na higiene social e na alma dos cidadãos, ou na Florença de Savonarola, que também misturava corpo sensual e corpo político e pretendia purgar os dois da ganância e das tentações do dinheiro autogerado, claramente uma idéia do Diabo. Os cristãos de então consideravam a cobrança de juros uma comercialização herética do tempo, e vinha de Aristóteles a condenação da usura porque dinheiro não pode procriar como um animal. Um contemporâneo de Shakespeare escreveu que o usurário vivia da lechery, lascívia, do dinheiro e não era incomum relacionarem a reprodução antinatural de dinheiro por dinheiro com luxúria e prostituição. O que naquela época era antinatural com o tempo se tornou natural e a mudança começou na metafísica: para que os cristãos que lucrassem com juros não fossem condenados à danação eterna, inventou-se o purgatório, de onde os pecadores saem sanados e recuperados para o céu. Depois de alterar a cosmogonia cristã não foi difícil para o capitalismo financeiro ganhar o mundo e, nos últimos anos, dominá-lo. Mas, curiosamente, se o dinheiro gerado por dinheiro se tornou respeitável e hoje é a forma mais rentável, portanto mais abençoada, de capitalismo, para expiar os excessos da prática ainda se recorre à linguagem de Savonarola. O Diabo, afinal, tem a última palavra. O pecado acabou, mas a culpa continua.
Auto-de-fé

Novo chefe em Furnas
Ilimar Franco
O Globo

Conde sai, mas PMDB indica sucessor

O ex-prefeito do Rio Luiz Paulo Conde está deixando a presidência de Furnas. Conde pediu para sair em reunião com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, na terça-feira. Ontem, ficou decidido que seu sucessor será Carlos Nadalutti Filho, engenheiro de carreira da empresa e especialista em operações. A posse está marcada para 3 de outubro. Conde está deixando o cargo por motivos de saúde. A indicação de Nadalutti Filho precisa ser aprovada pelo Conselho de Administração da estatal. Segundo uma fonte do Ministério de Minas e Energia, a reunião do conselho deverá acontecer "nas próximas horas". Nadalutti Filho foi indicado pelo PMDB e é do mesmo grupo político de Conde. Segundo o ministério, trata-se de um técnico altamente qualificado, com formação no setor de energia.
Novo chefe em Furnas

Equador
Coluna - Ilimar Franco - Panorama Político
O Globo

O governo Lula vai tratar o Equador, no caso Odebrecht, da mesma forma que tratou a Bolívia, no caso Petrobras. Não haverá reação destemperada ou virulenta. O governo apostará no diálogo com o presidente equatoriano Rafael Corrêa. Um ministro da coordenação de governo explicou que o Brasil fará isso por pragmatismo, e não por terceiro-mundismo ou razões ideológicas.
"É o comércio, estúpido!"
O presidente Rafael Corrêa, assim como Evo Morales, é de esquerda, mas essa não é a razão pela qual o presidente Lula agirá com moderação. Ontem, um ministro palaciano, comentando a crise com o Equador, disse: "Vamos baixar a bola e falar bem dos nossos vizinhos". Explicou que o Brasil tem superávit com os países da América do Sul e, por isso, interesse na concertação. O saldo do comércio com os países da região, de janeiro a agosto deste ano, foi de US$9,513 bilhões. Com os países do Grupo Andino, que inclui o Equador, foi de US$3,969 bilhões.

"Os ´hermanos` criam confusão, mas são bons parceiros comerciais. Hoje, quando o mundo inteiro reverencia o Proer, vemos a nação mais poderosa do mundo seguindo seus passos"
Heráclito Fortes, senador (DEM-PI), tirando uma casquinha da crise americana

RAIOS X
O Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) fez um levantamento de como votaram os 83 deputados e três senadores que são candidatos nas eleições municipais deste ano em dez matérias consideradas de interesse da sociedade, como o fim do imposto sindical, a regulamentação do trabalho no comércio aos domingos e a reforma política. Os dados completos estão no endereço http://diap.ps5.com.br .
Bye, bye
O presidente americano George W. Bush virá ao Brasil em novembro, antes das eleições presidenciais nos Estados Unidos. A visita será curta e terá como única finalidade despedir-se do presidente brasileiro.
Costura
A troca de Luiz Paulo Conde por um funcionário de Furnas foi acertada em almoço, dia 17, entre os ministros Edison Lobão, Dilma Rousseff e os senadores do PMDB José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL).
A candidata e os embaixadores europeus
Os embaixadores dos países da União Européia almoçaram na terça-feira com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Eles aplicaram uma verdadeira sabatina na ministra, apontada pelo presidente Lula como sua candidata à sucessão presidencial de 2010. Dilma falou sobre o momento da economia brasileira, as medidas de defesa diante da crise americana e sobre as ações e os planos do país para o futuro.
Equador


Autuação contra a CSN cai no Conselho de Contribuintes
Marta Watanabe
Valor Econômico

Em 2001, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) distribuiu R$ 589 milhões em juros sobre capital próprio que foram deduzidos do Imposto de Renda (IR), como permite a legislação que regula esse tipo de remuneração. Os juros sobre capital são uma espécie de remuneração a sócios e acionistas muito parecida com os dividendos. São calculados com base no patrimônio líquido e nos resultados da empresa. Muitas vezes, porém, por questões estratégicas, as empresas não deliberam pelo pagamento total dos juros sobre capital próprio que a lei lhes permite a cada ano.
Cai autuação da Receita contra a CSN

STF adia voto sobre reserva pataxó na BA
Juliano Basile
Valor Econômico

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou ontem o julgamento sobre os limites da terra indígena pataxó Caramuru-Catarina Paraguaçu, no Sul da Bahia, com voto amplamente favorável aos índios que vivem na região, proferido pelo relator do processo, ministro Eros Grau. O ministro Carlos Alberto Menezes Direito, entretanto, pediu vista do processo, interrompendo o julgamento da ação que tramita desde 1982 no Judiciário. É a segunda vez que Direito pede vista num caso envolvendo terras indígenas em menos de um mês. Em 27 de agosto, ele suspendeu a votação sobre a demarcação da reserva Raposa/ Serra do Sol, em Roraima, pretendida por produtores de arroz locais. Na Bahia, as terras são requeridas por produtores de cacau. "Entendo que as questões têm ligação", justificou Direito. "Elas partem, necessariamente, da conceituação de terras indígenas. Nós estamos aqui, no STF, a procurar uma definição concreta para estabelecer, em definitivo, essa conceituação, considerando todo o histórico dos múltiplos precedentes que existem nesta corte." Grau elogiou a conduta de Direito. "Foi correta e prudente a decisão de pedir vista. Quanto mais refletirmos, melhor", afirmou o relator. Em seu voto, Grau concluiu que todos os títulos de propriedade da região concedidos aos fazendeiros são posteriores à Constituição de 1967, que garantiu o usufruto das terras aos índios, e devem ser anulados.
STF adia voto sobre reserva pataxó na BA

Segundo a OIT, os biocombustíveis podem gerar milhões de empregos
Valor Econômico

A indústria global de biocombustíveis poderá gerar até 12 milhões de empregos até 2030, dependendo de como a questão de produção de etanol for resolvida no futuro. A previsão é de um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Agência da ONU para o Meio-Ambiente sobre a emergência da "economia verde". Hoje, Brasil e EUA, que fazem 95% da produção de etanol do mundo, empregam no setor 500 mil e 200 mil pessoas, respectivamente. O relatório ressalva que, em relação ao desenvolvimento de biocombustíveis, restam muitas questões a serem resolvidas, que vão de fato determinar a quantidade de empregos, como também sua qualidade, impacto sobre a vida rural e as economias. O estudo afirma que atualmente no Brasil uma grande parte trabalha nos canaviais em pobres condições de trabalho, com pouca higiene e nutrição, e aponta até violência por guardas de plantão contra os trabalhadores.
Segundo a OIT, os biocombustíveis podem gerar milhões de empregos

Por dentro do mercado - Medida do BC pode indicar freio na Selic
Luiz Sérgio Guimarães
Valor Econômico

Ao ampliar a oferta de crédito em R$ 13,2 bilhões por meio de flexibilizações nas regras dos compulsórios bancários, o Banco Central sinaliza que pretende estancar ou suavizar o movimento de alta da taxa Selic. Essa interpretação, embora não consensual, foi suficiente para reduzir as taxas de juros negociadas no mercado futuro da BM&F. As baixas foram pequenas. O CDI previsto para a virada do ano recuou de 14,08% para 14,07%. O contrato mais negociado, para janeiro de 2010, cedeu de 14,84% para 14,82%. Se aquele efeito fosse consensual, o DI futuro teria derretido. Mas uma parte considerável de analistas acredita que a mexida no compulsório não tem o poder ou a intenção de sinalizar os próximos passos da política monetária. A despeito da injeção de liquidez feita ontem, a intenção do BC continua sendo a de elevar a Selic em 0,50 ponto, de 13,75% para 14,25%, no Copom do dia 29 de outubro.
Segundo a OIT, os biocombustíveis podem gerar milhões de empregos

Keynes, ainda a velha solução
Coluna - Maria Clara R. M. do Prado
Valor Econômico

Sir John Maynard Keynes, se vivo, estaria dando gargalhadas. Afinal, anos seguidos de primazia absoluta da doutrina do liberalismo econômico conseguiram apenas provar que o mercado, completamente livre das amarras da intervenção do Estado, não é capaz de se auto-regular e muito menos de impor limites à sua atuação. O presidente da SEC (o órgão regulador americano do mercado de títulos), Christopher Cox, reconheceu muito tardiamente, na terça-feira, ao falar ao lado do secretário do Tesouro, Henry Paulson, e do presidente do Fed (o BC dos EUA), Ben Bernanke, no Capitólio, de que deu em nada a iniciativa de regulação voluntária colocada à disposição dos bancos de investimento pelas autoridades. O republicano Cox, alvo de severas críticas até mesmo por gente do seu partido (McCain encabeça a lista), admitiu que o mercado de subprime (financiamentos imobiliários de segunda linha) foi altamente manipulado, a tal ponto que mais de 50 investigações de atividades ilegais envolvendo operações com papéis do subprime estão em curso na SEC.
Keynes, ainda a velha solução

Odebrecht diz que sócios do consórcio rejeitaram acordo com Quito
Yan Boechat, Sergio Leo e Daniel Rittner
Valor Econômico

A Construtora Norberto Odebrecht atribuiu ontem sua expulsão do Equador pelo fato de não ter conseguido convencer suas duas sócias na construção da usina San Francisco, a Alstom e a Va Tech, a assinar o acordo imposto pelo governo de Rafael Correa. Segundo a companhia brasileira, o governo equatoriano recusou-se a aceitar que os entendimentos sobre a reparação da usina e o ressarcimento por conta da paralisação da geração de energia fossem feitos só pela companhia brasileira, líder do consórcio que fez a obra. "Nós nos dispusemos a aceitar o acordo, mas não podemos forçar nossos parceiros a assinar termos que não estavam nos contratos iniciais, e eles não o fizeram", afirmou ontem o vice-presidente da construtora, Paulo Oliveira.
Desde a tarde de terça, quando Correa assinou o decreto expulsando a empresa do país, a Odebrecht não voltou a negociar com o governo equatoriano. Espera que as conversas sejam feitas pelo governo brasileiro.
Sócios da Odebrecht rechaçaram acordo

Grampo: Jobim pede sigilo e frustra CPI
Leila Suwwan
O Globo


Ministro entrega relatório do Exército com lista de compras da Abin e laudo sobre equipamentos
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, frustrou os integrantes da CPI do Grampo ao lacrar e classificar como sigilosos os documentos que enviou à CPI para supostamente comprovar que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tem equipamentos para fazer escutas telefônicas. A CPI decidiu manter os envelopes lacrados e pedir a Jobim que autorize a publicidade dos relatórios. Jobim, que gravou ontem na Câmara programas eleitorais para candidatos do PMDB, alegou que a classificação de sigilo é do Exército, e que cabe à CPI analisar os dados. Ele não quis comentar as críticas dos deputados:
- Dei a cópia do que foi enviado pelo Exército, com o carimbo confidencial. Esse assunto está sob análise exclusiva da CPI.
O envelope contém a lista integral de equipamentos comprados pela Abin no exterior até 2005, e o laudo do Exército sobre se é possível fazer interceptações com esses aparelhos.
Nos depoimentos de ontem, houve pouco avanço na investigação sobre o grampo no telefone do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes. Uma das testemunhas, o sargento da Aeronáutica Idalberto Martins de Araújo, negou participação na Operação Satiagraha, da Polícia Federal, mas confirmou ter sido o responsável pela indicação ao delegado Protógenes Queiroz de dois nomes: Francisco Ambrósio do Nascimento (agente do antigo SNI) e o sargento Rodopiano (aposentado do serviço de inteligência da Aeronáutica).
Sem acesso a informações devido a sigilos concedidos pela Justiça, o presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), criticou juízes por conceder sigilo do "Zé do Banco", mas permitir devassa da vida do "Zé do Morro":
- Desafio juízes federais de São Paulo e os ministros do Supremo para que abram mão do sigilo sobre práticas criminosas, para que a população tenha conhecimento de tudo que está sendo apurado.
Grampo: Jobim pede sigilo e frustra CPI

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