quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Transparência Internacional

Jorge Hage considera leviano e irresponsável "índice de corrupção"

O estudo divulgado ontem pela Transparência Internacional que mede a percepção da população diante da corrupção em 180 países de todos os continentes foi criticado com veemência pelo ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage. “Esses índices de percepção da Transparência Internacional merecem, para nós, tanta credibilidade quanto os índices de risco daqueles bancos de investimento – como o Lehman Brothers e o Merryl Lynch – que acabam de ir à falência. Ou seja, ninguém aqui leva mais isso a sério”, afirmou em nota.“Eu, de minha parte, considero simplesmente leviano e irresponsável esse tipo de ranqueamento que essa gente faz. Veja você que nem mesmo a sucursal brasileira da Transparência aceitou continuar se comprometendo com ela: lembram que a Transparência Brasil desligou-se da Internacional no ano passado?”, critica Hage.De acordo com o ministro, a Transparência Internacional (TI) não conhece nada do Brasil, “nunca vem aqui, ignora completamente o que aqui se faz e fica dando palpite a distância, sem fazer nenhuma pesquisa real sobre corrupção nem sobre o combate à corrupção”. “O que eles dizem medir, e nem isso medem, pois o que fazem é uma salada de cálculos incoerentes a partir de medições de terceiros, de outras instituições, cada uma com seus próprios e diferentes critérios, são apenas percepções sobre corrupção”, argumenta.Além disso, para o ministro, a “suposta medição” mistura “num só balaio” os diferentes poderes (Judiciário, Legislativo e Executivo, e as três esferas da Federação - governo federal, 26 estados e 5.560 municípios). “Ora, é óbvio ululante que a percepção sobre a corrupção aumenta quando se ouve falar mais do assunto. E, no Brasil, foi nos últimos anos que mais se falou no assunto, exatamente porque o combate à corrupção passou a ser uma meta e uma prioridade de governo. Por isso foram fortalecidas a Polícia Federal, a CGU, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), e foi dada inédita liberdade de atuação ao Ministério Público; por isso se organizou a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (ENCCLA); por isso foram criadas Varas Especializadas na Justiça Federal", afirma.Segundo Hage, o sistema de corregedorias da União já excluiu do serviço público mais de 1.800 agentes públicos. O ministro afirma também que foram criados instrumentos para dar transparência cada vez maior aos gastos públicos, como o Portal da Transparência, “premiado várias vezes e elogiado no mundo inteiro, a começar pela ONU e pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC)”. “Aliás, o UNODC trabalha em cooperação conosco e vem qualificando a experiência da CGU brasileira como referência internacional. Ainda ontem, recebi a visita do Diretor Adjunto do UNODC, Sr. Bernard Frahi, que veio de Viena para conhecer o nosso trabalho”, comentou. Ainda em nota, Hage comenta que em recente reunião do Conselho Econômico e Social da ONU, em Nova York, ele destacou as iniciativas brasileiras nessa área e levantou a questão sobre o efeito perverso dessas pesquisas. “Na ocasião, disse eu – e todos concordaram – que esse tipo de pesquisa de percepção só se presta para uma coisa: desencorajar os países a dar início a programas de transparência, investigação e combate à corrupção, porque certamente ficam com receio de pagar o preço político de serem acusados de aumento da corrupção. Alguns podem preferir deixar o problema abafado, e não rasgar o tumor. Tal qual o Brasil fez por muito tempo”, acredita.Por fim, o ministro diz que o “que conforta é que o povo também não se deixa enganar por muito tempo com esses índices da TI”. O ministro argumenta que há algumas semanas foi feita uma pesquisa, no Brasil, pelo Vox Populi, que mostrou que 75% dos entrevistados reconhecem que o que tem aumentado no Brasil não é a corrupção, mas sim o combate a ela”, conclui Hage.
Leia a matério completa do “Contas Abertas”

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