segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Elisabeth Hellenbroich


O ocaso das elites - ontem e hoje

Recentemente, tive a oportunidade de visitar uma exposição artística em Darmstadt, sobre o tema "A Rússia em 1900: Arte e Cultura no Império do Último Czar". A mostra, organizada em conjunto por alguns dos principais museus de arte e arquivos históricos da Federação Russa e da Europa Ocidental, oferece ao visitante a oportunidade de "reviver" o período histórico que marcou o final do Império Russo sob o último czar da dinastia Romanov, no período entre 1896 e 1917-18.
Um sentimento estranho acomete o visitante. A exposição começa com um grande quadro do pintor russo Iliaron Mikhailovich Pryashnikov, o "Dia da transfiguração de Cristo no Norte". A pintura retrata a profundamente religiosa Rússia camponesa: uma procissão camponesa e um sacerdote ortodoxo abençoando os camponeses e seus cavalos. Ao término da exposição, está um artigo de jornal, mostrando a fotografia de um salão completamente demolido, com uma legenda onde se lê um pronunciamento público do "Comitê Executivo dos Trabalhadores, Camponeses e Soldados Soviético", relatando a execução do czar e sua família, em Ekaterimburgo, em 7 de julho de 1918.
Entretanto, há algo "paradigmático" que transcende a exibição em sua especificidade histórica. Assim como o "Antigo Regime" czarista entrou em colapso, devido à sua incapacidade de fazer frente ao momento histórico, promovendo reformas urgentemente necessárias, hoje, da mesma forma, dada a inabilidade de suas elites dirigentes, muitos Estados nacionais poderão sofrer consequências sociais da derrocada do sistema financeiro global, com motins populares, anarquia e guerra - a menos que o caminho seja pavimentado para imediatas reformas financeiras e econômicas.
A exibição inclui um filme único da cerimônia de coroação de Nicolau II e sua esposa Alexandra, em 25 de maio de 1896, na catedral do Dia da Assunção, em Moscou. Trata-se do primeiro documentário produzido para a mídia da época. O filme mostra um agrupamento da profundamente decadente aristocracia européia, dignitários do Império Russo e representantes da Igreja Ortodoxa Russa. Um artigo escrito no mesmo dia por um correspondente do jornal alemão Darmstädter Tagblatt relata a chamada "tragédia de Khodynka", na qual, durante a cerimônia, uma multidão reunida nos campos de Khodynka entrou em pânico e milhares de pessoas morreram pisoteadas.
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