segunda-feira, 30 de março de 2009

Requião: "Crise começou com a desnacionalização da economia"

Para o governador, saída será com investimento público, o aumento dos salários e do emprego

Aumentar maciçamente os investimentos públicos, estatizar o crédito, controlar o câmbio, aumentar a massa salarial e manter os empregos são algumas das medidas elencadas pelo governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), para o Brasil enfrentar a crise no Brasil que, na sua opinião, começou com a desnacionalização da economia.
As declarações do governador foram feitas na abertura do seminário “Crise – desafios e soluções na América do Sul”, realizada na tarde da última quarta-feira, no Espaço das Américas, em Foz do Iguaçu. As propostas citadas por ele são fruto do Seminário realizado no final do ano passado para debater a origem da crise econômica internacional. “A primeira proposta extraída do seminário de Curitiba é que não se aceite a redução dos salários. A valorização dos salários precisa ser uma política definitiva”, assinalou o governador.
“Neste momento precisamos de investimentos públicos maciços, para compensar a falta de investimentos da iniciativa privada, amedrontada com a crise. O presidente Lula está no caminho certo com o PAC e com o anúncio da construção de 1 milhão de casas populares em todo o Brasil. Isso mobiliza a construção civil, que depois da panificação é o setor que mais gera empregos”, afirmou o governador. Mas, ainda “precisamos de medidas duras".
O governador teceu duras críticas ao atual sistema financeiro internacional. Segundo ele, o sistema baseado no dólar financiou desestatizações, garantiu os lucros das multinacionais e congelou os salários dos trabalhadores durante anos. “Os EUA, fortalecidos no período pós-guerra, passou a comandar todo o processo de desenvolvimento do mundo e a tese liberal de que a mão invisível do mercado supriria todas as necessidades de emprego, desenvolvimento e crescimento econômico” reinou.
No Brasil, avaliou, “a crise começou quando o presidente que havia escrito um livro sobre a teoria da dependência assumiu o comando do País”. Exatamente a mesma tese liberal. “Eles propunham a vinculação com a economia global, leia-se a economia norte-americana, como instrumento de desenvolvimento econômico. Aquilo que nós não mais podíamos fazer seria realizado através da entrega da nossa economia, da desnacionalização do País, oferecido a grupos estrangeiros. Aí teve início um grande processo de desnacionalização de empresas públicas e a entrada do capital estrangeiro se deu em uma intensidade indesejada”.
De acordo com Requião, o aprofundamento da desnacionalização da nossa economia após o governo FHC limitou a capacidade do Brasil de reagir e trouxe grandes problemas para o Brasil.


DEBATES

“Nós descobrimos que aqueles que falavam na autonomia dos bancos centrais nunca nos disseram que o banco central norte americano nada mais é que um banco fundado contra a pátria. A contradição vale o espírito nacional e solidário, vale a pampazia tola do mercado que desmoronou na crise que vivemos. É desta forma que a partir de amanha estaremos abrindo os debates”, completou.
Com a presença de representantes do Paraguai e da Venezuela, o governador salientou que é necessária uma maior integração dos países da América Latina para superar os efeitos da crise. “A desvinculação da América do Sul em relação ao dólar é uma dessas propostas que poderão ser discutidas neste seminário de Foz”, disse Requião.

Nenhum comentário:

Postar um comentário