quarta-feira, 22 de julho de 2009

Discurso feito pelo então deputado federal Arthur Vírgílio, nos idos de 2001

Plano de Vôo – História e Memória

Por Tiago Pereira


Trechos do discurso proferido pelo então Deputado Federal Arthur Virgílio (PSDB-AM), em 22 de maio de 2001, no plenário da Câmara dos Deputados.

“Passemos, então, a imaginar um eventual governo do PT. Esse partido, que tem 56 bravos deputados, passaria a contar, digamos com 85 ou 90, num crescimento que nem ele próprio talvez preveja nessa monta que, com exagerada boa vontade, lhes concedo, obviamente que a título de imaginação. Depois, a isso somar-se-iam alguns partidos, perfazendo 120 ou 140 deputados. Não sei que credibilidade reuniriam para, efetivamente, tocar a governabilidade, como não sei que tipo de declarações entre a vitória e a posse, não haveriam de sair, comprometendo a credibilidade internacional do país”.

“A única frase que me ficou na mente, quando houve a tragédia do Palácio de la Moneda – Allende suicidou-se ou foi assassinado, a história é controvertida nesse episódio -, dentre todas as que foram proferidas, foi a do secretário-geral do Partido Comunista Italiano, Enrico Berlinguer, que sentenciou: “Acabei de descobrir que maioria escassa não basta”. Imagine, então, um eventual governo do PT, exposto, no Congresso Nacional, a um pedido de CPI atrás do outro, fictício ou não, legítimo ou não, um atrás do outro. Viria a ingovernabilidade, o caos administrativo e, quem sabe, a interrupção do mandato presidencial”.

“Sr. Presidente, penso que um Lula minoritário – a prosseguir este clima indecoroso e corrupto, porque roubar dinheiro público é corrupção, mas denunciar levianamente é corrupção também, é uma forma de se corromper o caráter das pessoas – não duraria seis meses, porque não tem respaldo internacional, não tem sustentação plural aqui dentro. Seria vítima, aí, sim, do que se poderia imaginar que virasse uma chantagem parlamentar. Bastaria uma tentativa de CPI por mês para liquidar o Lula minoritário. Bastaria todos os meses dizer assim: “Lula, enquanto durar a idéia da CPI, você não libera nada; enquanto durar a idéia da CPI, você fica manietado; enquanto durar a idéia da CPI, você não faz nada”.

Sintomático. De arrogância e maquiavelismo ímpar. E a CPI da Petrobras, a mais nova coqueluche da oposição, seria mais um desdobramento de tal plano? Chama a atenção a completa inadequação dos possíveis paralelos referente a “via chilena para o socialismo” – de pleno respeito à democracia, cabe frisar – e as projeções para um futuro governo petista. Lula sequer havia sido eleito. No mais, as palavras do digníssimo Senador Arthur Virgílio, uma das principais vozes da oposição, à época Deputado Federal, dispensam quaisquer comentários. E lembrar que, durante os oitos anos de governo tucano, o PT fora constantemente acusado de fazer oposição de forma irresponsável, obstaculizando o governo. Dá saudades do PT na oposição. Mas felizmente, contra todas as previsões acima citadas, hoje ele é governo.

Meu comentário:

Arthur Virgílio até que é moço “bão, sô!”. Tem inteligência e berço. Seu pai era realmente uma figura ímpar na luta democrática. Mas, o filho teve a infelicidade de se aliar a um crápula cinicamente pago pela Fundação Ford (portanto, pela CIA) para “DESCONSTRUIR O BRASIL”. Virgílio Filho, pai dele, deve se revirar no túmulo de aflição com as tolices do filho. E por soberba apenas, Virgílio Neto não se manca. E é triste, pois o Amazonas sempre forneceu ao Brasil grandes homens de Estado, grandes patriotas, gente de fibra. É pena que Bernardo Cabral, o sistematizador da constituinte, tenha se cansado e esteja se dedicando brilhantemente à carreira de jurista. Recebe prêmios e honrarias todo dia... É pena maior ainda que o meu amigo Gilberto Mestrinho, o cara que mais conhecia a realidade dos 23 milhões de amazônidas, tenha ido pro “Andar de Cima” ensinar aos anjos de Deus as lendas do tesouro das Icamiabas... Virgílio Netto, do alto dos seus 4% de votos, é um moço inteligente, mas passou a sofrer de pequenês existencial crônica adquirida pelo convívio nefasto com a elite quatrocentona-paulista-falida e preconceituosa – sempre associada às transnacionais -, dos tucanóides de sempre. Ou seja, como representante eleito pelo Amazônas, defende o setor que mais ódio tem à Suframa. Situação triste, principalmente para um amazônida... Quanto aos argumentos que ele, ainda como deputado, fez contra um “possível” governo PT, teria toda razão. Em tese. O pressuposto era de que um governo Lula não poderia se manter sem um amplo entendimento com as forças políticas eleitas e representadas no Congresso: a questão da governabilidade. Estava certo. Mas Lula soube ouvir admoestações assim. Aprendeu e evoluiu quanto à necessidade de ser um presidente não de um partido, mas do Brasil. Mas, hoje, apenas para servir caninamente ao eterno vampiro Serra, Virgílio tenta sem qualquer ética e respeito atingir justamente a governabilidade, simbolizada e viabilizada por Sarney, o eterno conciliador. Mostra que passou de deputado a senador, mas decaiu muito, principalmente quando o assunto é o interesse nacional e a responsabilidade para com a governabilidade. É isso. O Amazonas ainda chora a perda do “boto” Mestrinho não só pela sua ausência física, mas pela atual falta de orgulho para com seus representantes no Senado.

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