domingo, 26 de julho de 2009

Na Mira do Belmiro

Rescaldos e lições da SBPC
Belmiro Vianez Filho*

A primeira realização da Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência em Manaus, na semana passada, após 61 edições do evento por todo o país, dá a nota e o tom que esta região representa no contexto da pesquisa científica e sua decorrência tecnológica, em termos de prioridade e destaque da Ciência no Brasil. A SPBC, cá pra nós, já não tem o glamour e a autoridade de recomendar políticas de C&T como nos velhos tempos de Crodowaldo Pavan e Aziz Ab’Sabber. E os anúncios de grandes medidas federais não passaram de promessas tímidas – a rigor, constrangedoras - de R$ 13,2 milhões para a pesquisa e reforma de prédios das instituições federais no Amazonas, incluindo universidade, escolas técnicas e instituições de pesquisa. O ministro da área reclamou, a propósito, do corte de mais de R$ 1 bilhão do orçamento original de C&T, imposto pela Fazenda, e recebeu cobranças públicas do INPA, dos institutos locais que não receberam 1 (Hum) centavo para trabalhar em pesquisa. E, de quebra, não foi anunciada qualquer medida para o CBA – Centro de Biotecnologia – empinar o bico de pleno funcionamento...

Em 2009, a China está destinando 2,5% do PIB para o que eles chamam de áreas estratégicas de ciência e tecnologia, com ênfase em nanotecnologia e tecnologia da informação. Em nanotecnologia, os chineses são o segundo em publicação na área de nanotecnologia, o primeiro são os Estados Unidos, onde os chineses, pasmem, estão montando uma universidade com ênfase em tecnologia para exportação. Nos últimos cinco anos, China e Índia pularam de 200 para 600 os laboratórios de P&D e não é à-toa que ambos lideram os países emergentes nesse setor. A Amazônia, com 25% dos princípios ativos da biodiversidade do planeta, recebe menos de 0,001% do PIB para pesquisa e a metade dos cientistas que atua na região ocupa cargos administrativos ou estão fora do laboratório por falta de insumos. Parece bri ncadeira, mas não é!.

É bom lembrar que no Índice de Avanço Tecnológico - que considera criação e difusão de tecnologias e a capacidade humana de participar de seus benefícios – o Brasil encontra-se abaixo da média latino-americana. No último PISA, um programa das Nações para avaliar alunos nas áreas de Ciências, o Brasil ficou em penúltimo lugar e a China chegou em terceiro. Vêm de lá alguns ganhadores do Prêmio Nobel na área de C&T, enquanto o Brasil tem que pagar royalties para as universidades americanas quando precisa dissecar o Genoma de algumas de suas espécies, tucunaré da Amazônia, por exemplo. Mais importante, por isso, do que abrigar uma importante reunião de cientistas é refletirmos sobre o sentido do descaso que essa área tão determinante ocupa na agenda do poder público e a necessidade de um a revisão geral, ampla e emergencial das políticas de P&D para toda a Amazônia...

Zoom-zoom

Agora é pra valer – Recebo a informação do secretário de Obras do Município, Américo Gorayeb, de que a recomposição urbana agora é pra valer. Mais do que tapar buracos, a Prefeitura iniciou a recuperação de pavimentos, drenagem, sarjeta e meio fio da área da Cachoeirinha, Raiz e Japiim e vai recompor toda a paisagem urbana de Manaus. O cidadão das ruas já não suportava mais esperar.

Naufrágios e impunidades – É preciso uma atitude mais ousada e contundente da Capitania dos Portos e demais autoridades ligadas ao setor, em relação aos freqüentes acidentes e tragédias envolvendo a navegação regional. Superlotação de barcos, desrespeito às normas elementares de segurança, descaso absoluto com os usuários... uma negligência desumana e inaceitável.

Desqualificação – Os profissionais que atuam neste ramo dos transportes, único na geografia fluvial da região, retratam um escandaloso despreparo para a atividade. Falta fiscalização e exigência de treinamento e aperfeiçoamento profissional e humano para este setor.

Ação Conjunta – As pessoas que acompanharam o velório e as exéquias do grande líder Gilberto Mestrinho, falecido no último domingo, foram unânimes em exaltar o profissionalismo aliado ao carinho e eficiência de Estado e Prefeitura para prestar a homenagem final, justa e digna, ao nosso eterno e saudoso benfeitor. Só o Boto, para reinaugurar a Ação Conjunta!

* Belmiro Vianez Filho é empresário e membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas.
belmirofilho@belmiros.com.br

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