quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Eleições 2010

Sarney: toda crise tem hora para acabar, inclusive a do Senado
Elaine Lina e Marina Mello

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou nesta quarta-feira que toda crise política tem hora pra acabar, o que, na avaliação dele, está perto de acontecer com a que assola a Casa desde o início do ano. "Teve uma grande repercussão, durou bastante e agora, como todas as crises políticas, ela tende a passar, as crises não são eternas. Eu acredito que nós estamos começando essa fase de descongelamento", afirmou.
Em entrevista ao portal Terra, o presidente lamentou que tenha sido vítima de um "linchamento" político semelhante aos que ocorriam no período de inquisição e mais uma vez atribuiu a crise vivida ao apoio que ele sempre deu ao governo Lula. "Eu fui submetido a um verdadeiro linchamento e um linchamento muito singular, que era quase kafkiano. É mais ou menos o que acontece na inquisição, lá também a primeira pergunta que eles faziam na inquisição é: 'do que você se sente culpado?'", disse.
Para Sarney, todas as denúncias contra ele - passando pelo suposto favorecimento de parentes via ato secreto e todas as outras - são fracas e sem a menor consistência. "Foi uma campanha que eu acho que raramente se fez no Brasil com essa violência, essa virulência com coisas absolutamente secundárias, pequenas, que não tinham nenhuma consistência", afirmou.

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    Ao ser questionado se a crise estava no hall dos momentos mais difíceis que ele enfrentou em toda a sua trajetória política, o presidente foi taxativo. "Eu colocaria (a crise) como o momento mais difícil, porque realmente, na minha idade, eu jamais pensei que isso pudesse ocorrer. Até mesmo porque eu confesso que durante os 50 anos que estou aqui, eu nunca fui acusado de nada", afirmou. "Vi vários escândalos, mas nunca meu nome esteve presente, nenhum processo, nenhuma denúncia, nada."
    Entre os fatos "sem consistência" dos quais foi acusado, Sarney destacou a denúncia de que ele teria usado de sua influência para conseguir emprego para o namorado de sua neta. "De repente eu vi 'o namorado de sua neta está sendo nomeado' e aí eu descubro que o namorado da minha neta, por esse novo código civil, também está incluído na lista dos parentes. Me lembro até do Brizola (Leonel Brizola, ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro) quando ele dizia 'cunhado não é parente'", disse. "Ora, como o namorado da neta, que já não é nem mais namorado, já até acabou o namoro."

    Lula conseguirá eleger Dilma em 2010, diz Sarney

    O presidente do Senado afirmou ainda que tem certeza de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguirá eleger o seu sucessor, no caso a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Na visão de Sarney, apenas o apelo popular de Lula é suficiente pra eleger Dilma em 2010. "Eu acho que o presidente Lula fará o seu sucessor porque ele tem um grande carisma, uma grande penetração popular e está fazendo um excelente governo. (...) Isso é muito importante para um político", afirmou. "Eu acho que, quando ele colocar tudo isso na mesa na hora da eleição, sem dúvida alguma ele vai fazer o seu sucessor."
    O presidente disse ter "apanhado" muito - se referindo à crise do Senado - por ter sido sempre um defensor do apoio a Lula no PMDB, mas afirmou que tudo isso vale a pena, já que, na sua visão, Dilma será eleita em 2010."Eu coloco que nesta crise que passei, apanhei muito pelo fato de, dentro do PMDB, eu ter sido sempre um adepto da nossa aliança com o presidente Lula, de apoiar os seus candidatos, no caso a ministra Dilma, e de evitar sempre que o PMDB possa ter qualquer outra posição e tome outro rumo", disse."Sempre foi essa a minha posição, fui um dos mais firmes dentro deste ponto e, por isso mesmo, estou apanhando muito por causa deste fato. Quer dizer, não parece, mas no fundo, (a crise do Senado) se relaciona um pouco com essa briga do PMDB com os outros partidos", afirmou.

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