sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Eleições 2010

O PMDB, o maior partido do País e o grande vitorioso das eleições municipais, finalmente tem lideranças consistentes...

"Essa crucificação do Sarney não tem o menor cabimento"

Governador Roberto Requião diz, em entrevista ao jornalista Carlos Chagas, que Sarney é o único que pode corrigir erros acumulados em décadas de existência do Senado.

Embora o assunto fosse o governo Lula e a sucessão presidencial, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), foi também personagem fundamental na entrevista com o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), realizada nesta quinta-feira (20.08.09) pelo jornalista e colunista Carlos Chagas, para o programa de TV "Falando Francamente", em Brasília. Sarney foi defendido várias vezes pelo entrevistado: "Esse fuzilamento ao Sarney, essa crucificação, não tem o menor cabimento. Defeitos? Claro que tem (...) Tem que haver a crítica, mas não há dúvida alguma. O Sarney não é o responsável pelos absurdos do Congresso Nacional”. E adverte: “o que você encontra no Senado, você encontra na Câmara, já percebeu que não estão mexendo na Câmara? O que você encontra no Senado, você encontra em cada Assembléia Legislativa, ou Câmara de Vereadores do Brasil. (...)”.

O governador faz questão de destacar: "Sarney agora é o alvo principal de tudo. Mas, Sarney foi o presidente da República que reatou as relações com Cuba. Foi o presidente que convocou a Constituinte. Sarney tem qualidades muito difíceis de alcançar num político brasileiro".

Idealizado pela Secretaria de Representação do Paraná, em Brasília, o programa é chamado de “Falando Francamente”, uma homenagem ao primeiro programa de entrevistas da televisão brasileira, apresentado, na década de 1950, por Arnaldo Nogueira, um dos grandes defensores da liberdade de imprensa no Brasil. A cada semana, Carlos Chagas conversa com uma personalidade influente nos rumos da política nacional. O programa é exibido pela Paraná Educativa, no Canal 9 local (e pela rede Sky e antena parabólica). Será reprisado aos domingos, às 11h20, e às 22h de segunda-feira. Acompanhe a seguir, os principais trechos da fala do governador, com defesa consistente ao presidente do Senado:

"Eu vejo o Sarney, hoje, corrigindo os erros acumulados ao longo de décadas no Senado da República. Alguns erros dele: aquele negócio, emprega a sobrinha; mas, você sabe que isto é uma coisa muito comum na administração pública. O PT participa do Senado da República, o Senado tem 81 senadores, porque vamos dizer agora que o Sarney era o culpado da lambança? Todos são lambões. Alguns por omissão, outros por falta de informação. Alguns por não se incomodarem com nada, só com a tribuna. Mas isso eu acredito que está se corrigindo".

"O Sarney agora é o alvo principal de tudo. O Sarney é um político brasileiro com defeitos; grandes, hein? Mas, o Sarney foi o presidente da República que reatou as relações com Cuba. Foi o presidente que convocou a constituinte. O Sarney tem qualidades muito difíceis de alcançar num político brasileiro. Fez a transição entre a ditadura e a democracia, não cedeu ao capital estrangeiro, enfrentou o EUA com a moratória, num momento que o país precisava disso, não vendeu uma empresa pública e tem alguns defeitos que são os defeitos dos políticos que se elegem no meio em que ele se elegeu. Ele é um senador do Maranhão, hoje do Amapá. Tem alguns problemas que não são bonitos, que não são éticos do ponto de vista da suas aulas lá na UnB, mas que são a dura e crua realidade da política brasileira. Você podia perguntar: Requião, como você se expõe dessa forma, tentando justificar algumas atitudes? Não justifico, eu simplesmente entendo".



"Esse fuzilamento ao Sarney, essa crucificação, não tem o menor cabimento. Defeitos? Claro que tem. Outro dia a TV educativa chamou alguns jornalistas para falar sobre oportunismo moralista e, nesta ocasião, o caso do Sarney, também. E um jornalista muito meu amigo mandou dizer: Ah, eu tenho críticas a fazer ao Sarney, como é que fica? Eu disse, olhe, a televisão está aberta, traga suas críticas, elas vão ser muito boas, eu acho que inclusive até para o Sarney. Tem que haver a crítica, mas não há dúvida alguma; o Sarney não é o responsável pelos absurdos do Congresso Nacional, e o que você encontra no Senado, você encontra na Câmara, já percebeu que não estão mexendo na Câmara? O que você encontra no Senado, você encontra em cada Assembléia Legislativa ou Câmara de Vereadores do Brasil (...) Inocência absoluta do Sarney não existe, ele tolerou uma série de coisas, mas sem as quais ele não seria senador. Ruim isso. Tem que mudar, mas a responsabilidade é dos 81 Senadores ". (falavam a respeito de possível candidatura de Requião no Senado)

"Vamos lá ao Sarney. Contratou o namoradinho da neta?; que tragédia, manchete da Globo. As televisões todas batendo, os jornais na primeira página. Você se lembra do Fernando? Nomeou o genro para Zilberstein, para presidente da Petrobrás para desnacionalizá-la, para entregar o petróleo brasileiro. Começou a tarefa mudando o nome da Petrobrás, para Petrobráx. O Fernando Henrique tinha sua filha Adriana como chefe de gabinete. Agora, o menininho do Sarney .... é crime (?).

O que eu acho que cabe como crítica: acho que não tinha importância nenhuma que nomeasse num cargo comissionado o namorado da neta. Desde que o Senado precisasse duma pessoa com seu perfil profissional e ele sintonizasse com a orientação que ele estava dando à instituição. Mas se isso não acontece, se ele é apenas um favor à neta, nós temos aí uma crítica. Mas é o que o Sarney disse, “minha neta, eu sou avô”, e aí fica difícil resistir. Se houvesse mais transparência, se tudo fosse para a internet, não fazia nomeação". (Requião falava sobre um projeto de lei que editou quando Senador. Esse projeto permitia a nomeação de parentes desde que atendidas as qualificações profissionais exigidas)

"Querem demonizar o negócio. Quer dizer, o genro do Fernando Henrique para vender a Petrobrás não teve uma crítica nesse país. A netinha do Sarney pede para o vovô nomear o namorado num cargo de R$ 2.700, cai o mundo. Não estou concordando com a nomeação nem nada, veja você, mas se houvesse uma adequação nesse sentido não haveria esse deslize". (...) "Eu tô lá preocupado com o que a Globo acha ou não do neto do Sarney? Se é equivocado, que se corrija. Mas não é motivo pra tentar transformar um homem com a biografia do Sarney num bandido, num trombadinha. E pelas mãos de quem? Dos Mesquita do Estadão? Que me agrediram durante 8 anos no Senado, sem me dar direito de resposta? Se o Sarney não estivesse com o Lula nesse momento, não teriam se incomodado com ele, querem transformá-lo num bandido. O que eles querem mesmo é o impeachment do Lula, derruba o Sarney, toma conta do Senado. Tentaram isso já, você lembra, no começo do Governo. E daí veio o tal acordo de governabilidade que colocou o (Henrique) Meirelles, à frente do Banco Central e tudo mais".

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