quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Saúde Pública


A gripe da suinocultura industrial-capitalista
Hugo R C Souza

Chamava-se Judy Trunnell a primeira pessoa a morrer no USA em razão da chamada gripe suína. Ela faleceu no último dia 5 de maio em uma cidade próxima à fronteira com o México, logo depois de dar à luz, e no dia 11 do mesmo mês seu marido entrou com um processo contra a multinacional ianque Smithfield Foods, a maior produtora de carne suína do mundo. O que uma coisa tem a ver com a outra? Steven Trunnell alega que a morte de sua esposa foi consequencia das condições insalubres sob as quais a filial mexicana desta empresa confina cerca de um milhão de porcos nos arredores da pequena localidade de La Glória, que fica no estado fronteiriço de Veracruz. O advogado de Steven está reunindo provas de que o vírus H1N1 se originou e ganhou o mundo de maneira pandêmica por causa da precariedade sanitária com que a Smithfield Foods mantém os criadouros no México. Precariedade esta que perpassa e caracteriza as criações que os grandes conglomerados alimentícios instalam nas semicolônias com a convivência das suas gerências lambe-botas, e que agora se quer mascarar chamando a mais nova manifestação de suas consequências nocivas para a saúde pública de "gripe A", "gripe mexicana" e tergiversações do gênero.O que a imprensa vendida e os porta-vozes do imperialismo fazem circular é que o H1N1 é resultado de uma fatalidade biológica, uma combinação inevitável de genes da gripe humana, aviária e da que acomete os porcos, algo fruto de uma traquinagem da natureza que não poderia mesmo ser evitada. No entanto, sabendo que mais cedo ou mais tarde esta gripe será batizada pelo seu verdeiro nome — talvez "gripe da suinocultura industrial-capitalista" — a administração Obama tentou se antecipar à emergência e disseminação das informações sobre a verdadeira origem da doença com uma medida tão tardia quanto hipócrita. Em meados de julho, quatro meses depois do aparecimento das primeiras infecções em humanos causadas pelo vírus mutante, a agência ianque FDA, que regula ou finge que regula alimentos e medicamentos no USA, decretou o fim do uso de antibióticos em animais de criação, o que costuma ser feito pelas empresas criadoras com objetivo de acelerar o crescimento de frangos e porcos, a fim de antecipar seu abate e assim agilizar a produção. Claramente, é uma medida tomada para simular esforços em prol da saúde pública e fingir confrontação com o lobby agrícola em meio à evidências cada vez maiores de que o H1N1 surgiu porque as empresas alimentícias fazem o que bem entendem com a finalidade de elevar mais e mais seus lucros. Isso apesar de o uso indiscriminado de antibióticos ter pouco a ver com vírus mutantes, mas sim com bactérias super-resistentes.Nada foi feito até agora (e nem será no âmbito do Estado burguês, tendo em vista os poderosos interesses da burguesia que seriam contrariados) contra o uso indiscriminado de vacinas, contra o confinamento de um número cada vez maior de animais em espaços apertados e em péssimas condições de manutenção, ou contra a proximidade geográfica das granjas de frangos e dos mega-chiqueiros controlados pelos monopólios da comida industrial, o que facilita a combinação de vírus que acometem diferentes espécies. O que será feito — na verdade, já vem sendo, nos hemisférios norte e sul — é castigar o povo com desinformação, falta de atendimento médico e submissão das providências aos interesses dos grandes laboratórios do farma-cartel.
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