segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Lavagem de dinheiro do narco-tráfico, salva-vidas dos bancos

Geraldo Luís Lino y Lorenzo Carrasco

A dimensão econômica colossal da lavagem de dinheiro através do sistema financeiro internacional é de domínio público. A única dúvida é o valor preciso. A maioria dos especialistas acredita em centenas de milhares de milhões de dólares anualmente. Embora pareça continuar a ser segredo, uma autoridade internacional divulgou publicamente a questão que tanto os governos quanto os bancos preferem manter pouco esclarecido. O diretor-geral da seção sobre drogas e crimes das Nações Unidas (UNODC), Antonio Maria Costa, chamou a atenção para a lavagem de narco-dólares – e cada vez mais de narco-euros – no sistema bancário. E apelou para que se adote medidas mais eficazes a respeito. Na semana passada (13/12), Costa deu entrevista ao jornal britânico “The Observer”, quando disse que o dinheiro da droga ajudou muito no salvamento dos bancos na crise de liquidez recente, quando os bancos estavam no limiar da falência. Sem citar nomes, ele se atreveu a colocar números: 325 bilhões de dólares provenientes das drogas foram absorvidos pelos bancos no ano de 2008. Segundo, Costa: "(... ..) Em muitos casos, o dinheiro da droga era o investimento de capital líquido somente. No segundo semestre de 2008, a liquidez foi o principal problema do sistema bancário e, portanto, o capital líquido tornou-se um fator importante .... Empréstimos foram financiados por fundos interbancárias, atividades de origem no tráfico de drogas e outras ações ilegais... Há sinais de que alguns bancos foram salvos dessa maneira". Embora Costa não tenha mencionado qualquer banco em particular, o British Bankers Association (BBA) colocou o chapéu na cabeça quando um de seus porta-vozes fez uma observação ambígua no mesmo jornal:"Nós não integramos nenhum diálogo para apoiar a regulamentação desse tipo. Houve claramente uma falta de liquidez no sistema e, em grande medida, isso foi abrangido pela intervenção dos bancos centrais ". Como também está no domínio público, os bancos britânicos têm uma vasta experiência de mais de 150 anos na lavagem de "narco-dinheiro", desde que o Hong Kong e Shanghai Banking Corporation (HSBC) foi fundado, em meados do século XIX, para reciclar os rendimentos do lucrativo tráfico de ópio na China, imposto àquele país pela Grã-Bretanha depois da Guerra do Ópio. Com a proliferação dos paraísos fiscais e "globalização financeira" das últimas décadas, somada à grande expansão da criminalidade organizada transnacional nos últimos anos, o sistema financeiro, que tem Londres como um dos seus principais centros, tornou-se altamente dependente "das receitas do tráfico de drogas e de todos os tipos de atividades ilícitas. Por isso, a discussão pública do assunto parece assustar muito os representantes das altas finanças globais.

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