sábado, 17 de abril de 2010

Tucanato apátrida...

A IDADE DAS TREVAS

CAPÍTULO V - DANIEL DANTAS COMO MODELO DE EMPREENDEDORISMO E DE COMO OS OLIGARCAS TUCANOS SAQUEARAM O ESTADO

Recuando aos tormentosos anos 90, vislumbramos uma agitação febril nos bastidores do tucanato. Vivia-se a panacéia da privatização das empresas estatais e, exatamente como fora ordenado pelo Consenso de Washington, FHC preparava, álacre, o edital para vender as estatais brasileiras na bacia das almas.

Dentre os empresários e proto-empresários que se destacavam na linha auxiliar do projeto tucano, um, em especial, se sobressaía: Daniel Valente Dantas. Cevado nas hostes baianas de Antônio Carlos Magalhães, pós-graduado na Fundação Getúlio Vargas e pós-doutorado pelo MIT, Dantas, logo cedo se revelaria um mago das finanças. Após vender sua cota societária no Banco Icatu e escapar, milagrosamente, do confisco do Plano Collor, Dantas funda o Banco Opportunity e se prepara para a grande jogada de sua vida: o programa de privatização das estatais brasileiras. Fernando Henrique Cardoso havia sido eleito na esteira do Plano Real de Itamar Franco. Corria então o ano da graça de 1994. Conforme prometido ao Consenso de Washington, FHC cumpre o acordado. Andando no limite da irresponsabilidade e da safadeza, FHC entrega as principais empresas estatais para a iniciativa privada, majoritariamente estrangeira. E o que é pior: não bastasse a venda das estatais subavaliadas, o Estado colocava o BNDES para emprestar dinheiro público para a camarilha comprar o patrimônio público! Obviamente que, com um jurinho camarada e carência a perder de vista! Daniel Dantas virou o que é hoje, aí, nesse espaço-tempo nebuloso das ruinosas privatizações tucanas; nesse locus institucionalizado da pilantragem tucana!

Ancorado nos principais fundos de pensão (Previ, Petros, Funcef), que foram obrigados por FHC a, debaixo de vara, aportarem recursos bilionários em seus projetos, Dantas saiu de um cenário de sócio de um tamborete (o Icatu) para o controlador de um grande grupo da telefonia: a Brasil Telecom.

Esse foi o modelo aplicado a outros empresários também. Nenhum com o sucesso de Dantas, porém. Assim, no período negro da primeira tetraetéride Fernandina, assistimos ao mais descarado roubo ao patrimônio nacional; assistimos, impassíveis, a um verdadeiro saque ao Estado, comandado a partir de dentro, do próprio Palácio do Planalto, criando os novos oligarcas que dariam as cartas na vida política e econômica brasileira por vinte anos, segundo vaticinava Sérgio Mota. A cena mais emblemática desse período foi o célebre jantar de Daniel Dantas com FHC, no palácio do Planalto (ou teria sido no Alvorada?). Segundo testemunhas, nesse jantar, Dantas reclamou com Fernando Henrique da recalcitrante diretoria da Previ, que se recusava a participar da pantomima. No dia seguinte, a diretoria da Previ estava demitida e Dantas conseguiu a parceria que queria.

Não é à toa que FHC considera Daniel Dantas brilhante.


Alberto Bilac de Freitas

Igor Romanov

* Leiam no próximo capítulo: Sob FHC, a Justiça, apesar de Caolha, Enxerga muito Bem


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