sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Campanha canalha contra aposentados e pensionistas

Vivemos momentos de grande apreensão e incredulidade, quanto ao rumo que se pretende dar ao Brasil. Nunca, em qualquer tempo, se assistiu a campanha tão perversa como a do momento, dirigida à Previdência Pública. Não se lembram sequer – ou não sabem – que ela é parte de um poderoso sistema de proteção social, compondo, com as áreas da Saúde e Assistência Social, o tripé que acolhe, sustenta e garante a integridade e a vida de cada brasileiro. Os ataques ao sistema previdenciário, diuturnos e insistentes, alcançam as raias do ridículo e causam a tal incredulidade a que nos referimos no início. Os aposentados / pensionistas do INSS são, agora, lembrados para discutir as bases de pagamento de 2011. Falam até em igualar os percentuais anuais de correção ao do salário mínimo! Quem ousaria isso? Pensam na fórmula 85/95 anos como alternativa para a extinção do fator previdenciário! Vale tudo… Finalmente, entenderam que não se pode desprezar ou tripudiar sobre a massa de 27 milhões de aposentados e pensionistas. Viram o seu peso, no resultado do primeiro turno das eleições de outubro. Qual é, então, o caminho? Conversar, antes que o Brasil se transforme numa França, ou Grécia, ou Espanha, ou Reino Unido… Ao lado desse expressivo contingente, de 27 milhões, estão mais 60 milhões de trabalhadores ativos, que podem engrossar a corrente que luta e propugna pelo direito. Na Europa, se meteram numa grande enrolada que gerou a crise financeira; pararam de girar a economia e jogaram tudo o que tinham para salvar bancos. E daí? Não é o trabalhador que tem que pagar essa conta. Cortam direitos, reduzem o valor das obrigações previdenciárias (no Reino Unido, chegam a propor a extinção do auxílio-desemprego!), tudo para desembolsar menos e acomodar as contas públicas! Não é assim que se faz justiça; que se honra o primado do trabalho. A força de uma nação vem sempre do seu povo: do que ele produz, da mais-valia que oferece aos grandes grupos, da sua representatividade na cultura, no esporte, nas artes. Sempre o povo fala pela nação. A sua segurança, então, é essencial para a própria sobrevivência dos povos e dos Estados. No Brasil, a onda de mentiras permeia todos os meios de comunicação, numa luta árdua contra o que não querem ver. Os arautos do desmonte da Previdência Pública são os falsos especialistas em contas públicas; são os ‘donos’ de fundos de investimentos e todos mais que querem fisgar o quinhão de riqueza que sabem existir na Seguridade Social. Engraçado é que não se aventuram a comentar as mazelas da Saúde ou a insignificância dos recursos aportados à Assistência Social. A cobiça é a Previdência. Desconhecem ou não comentam as informações do DIEESE, de que o décimo terceiro salário deve injetar, este ano, R$ 102 bilhões na economia.


A Previdência Social é a mola propulsora da economia nacional e preponderante nos pequenos e médios municípios brasileiros. A alegria desses R$ 102 bilhões estará na possibilidade de um novo bem de consumo ou no pagamento de dívidas. Volta sempre para a origem, sob a forma de tributo. Se pensarmos ser ela – a Seguridade Social – tão importante, por que a persistente e insidiosa campanha? Os jornais anunciam recordes de arrecadação e os postos de trabalho aumentam dia a dia. De onde, então, vem o déficit, se as receitas suplantam, em muito, o total de despesas do sistema? Verifiquem, nos relatórios de arrecadação da Receita Federal do Brasil, a evolução das receitas – estão disponíveis na internet. O que precisamos é iniciar uma grande campanha pelo país, exigindo que o Tesouro Nacional, a cada mês, divulgue a destinação dos recursos da Seguridade Social. De todos eles!
Aí, acabará a farsa.

*Auditora-Fiscal da Receita Federal do Brasil
clemilcecarvalho@bol.com.br

Fonte: ANFIP

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