quinta-feira, 13 de março de 2014

Governo desvia R$ 256 bilhões de recursos públicos para os bancos

Foto: memoria.ebc.com.br

Apenas em janeiro, gastos com juros somaram R$ 30,4 bilhões

Por Valdo Albuquerque (Hora do Povo)

Em janeiro, o desperdício de recursos públicos com juros totalizou R$ 30,399 bilhões, cifra recorde para o mês. Em 12 meses, foram desviados para o cofre dos bancos nada menos que R$ 256,606 bilhões, o equivalente a 5,30% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo números do Banco Central. Não se pode dizer que a equipe econômica não tenha caprichado em favorecer o setor rentista. Afinal, desde abril do ano passado os juros já foram elevados oito vezes, atingindo o patamar de 10,75% ao ano, no mês passado. Aliás, uma diretriz que vem de cima. Após as manifestações de junho de 2013, em um simulacro de satisfazer “as vozes das ruas”, em reunião com governadores e prefeitos, Dilma anunciou cinco pactos, que não foram avalizados por ninguém, dos quais o primeiro ponto era exatamente o de “Responsabilidade fiscal e controle da inflação”. E apenas este foi cumprido à risca. Todos sabem que a tal da “responsabilidade fiscal” – também pode ser “robustez fiscal”, “consolidação fiscal” etc. – nada mais é que o “belo primário” do ministro Mantega. Ou seja, o desvio de recursos orçamentários para garantir o pagamento dos juros estratosféricos, estabelecidos pelo próprio governo, para os bancos. O que por si só já era contraditório com os três últimos pontos (Saúde, Educação e Transporte). O segundo item era o “Plebiscito para formação de uma constituinte sobre reforma política”. Pois bem, no ano passado, o setor público gastou com juros a astronômica quantia de R$ 248,856 bilhões (5,18% do PIB), a maior de todos os tempos. Não foi à toa a declaração do presidente do Bradesco, Luis Carlos Trabuco, de que o setor financeiro “está confortável com Dilma”. Se os bancos estão confortáveis, o mesmo não se pode dizer da indústria, nem dos trabalhadores, que entregaram em 2010 a então candidata Dilma a “Agenda para o Desenvolvimento” – reapresentada para a já presidente, após a 7ª Marcha da Classe Trabalhadora - e até hoje não tiveram nenhuma reivindicação atendida. Já a indústria, assolada pelos juros mais altos do mundo, por um câmbio desequilibrado e pela desnacionalização galopante vive o pior dos mundos. Para encobrir o seu fracasso, o governo tem recorrido ao marketing puro e simples. Depois de ver o PIB levar sucessivos tombos, com a institucionalização do pibinho, o governo resolveu espalhar que a variação do PIB do Brasil no ano passado (2,3%) foi o terceiro maior do mundo. Não foi (v. matéria nesta página). O resultado pífio de 2013 se deveu em muito ao péssimo resultado da indústria (1,3%), que nem compensou a queda de mais de 2% de dois anos anteriores. O desempenho maior ficou por conta da agropecuária (7%). Um grande sucesso esse, de retroceder ao modelo agro-exportador de antes da Revolução de 30. Afinal, a desindustrialização, consequência da desnacionalização, está aí e o governo ao invés de combatê-la a estimula, com sua política de atração de investimento direto estrangeiro (IDE) e de capitais especulativos para cobrir o rombo das contas externas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário